A fome que nunca existiu

Num mundo cada vez mais guiado por narrativas em vez de factos, a verdade torna-se, frequentemente, a primeira vítima da guerra.
Em nenhum outro lugar isto é mais tragicamente evidente do que na grotesca campanha de desinformação que alega haver fome em Gaza, causada deliberadamente por Israel como instrumento de guerra – uma acusação que se tornou um moderno libelo de sangue contra o Estado judaico.
A narrativa da “Fome em Gaza” evoluiu para uma campanha coordenada — amplificada pelo Hamas e pelos seus apoiantes do Qatar, e ecoada acriticamente pelos grandes meios de comunicação ocidentais e pelas organizações internacionais. Embora existam elementos de sofrimento humanitário, como em qualquer zona de guerra, a campanha exagerou, manipulou e transformou deliberadamente estas realidades em armas para inverter os papéis da vítima e do agressor. O objectivo: diabolizar Israel, encobrir os crimes do Hamas e desviar a atenção da fome real infligida pelo Hamas — não aos civis de Gaza, mas aos reféns israelitas mantidos cativos há quase dois anos.
Uma denúncia do jornal alemão Bild, publicada a 5 de agosto, destaca a forma como imagens encenadas, vídeos editados e reportagens fabricadas foram utilizados para pintar um quadro (falso) de fome generalizada provocada por Israel. A verdade, porém, é diametralmente oposta.
Uma outra investigação aprofundada, recentemente divulgada pela plataforma Jewish Onliner, traça as origens desta campanha a um esforço de manipulação dos media globais, bem coordenado e perfeitamente sincronizado. A sondagem expõe a campanha “#GazaIsStarving” como um esforço coordenado de desinformação liderado por países de língua árabe — particularmente o Qatar, a Arábia Saudita e o Iémen — para influenciar a opinião pública de língua inglesa contra Israel.
Embora a campanha se apresente como um clamor humanitário de base, a investigação mostra que é amplificada por entidades ligadas ao Estado, influenciadores de propaganda (como um funcionário do regime iraniano e indivíduos ligados ao Hamas) e estratégias linguísticas multiplataforma para maximizar a ressonância emocional, especialmente no Ocidente. Outra pesquisa, publicada por @antisemitism (“Campanha Contra o Antissemitismo”), comprova que hashtags como “Fome_em_Gaza”, “AjudeGaza” ou “Holocausto_de_Gaza” estão a ser amplamente utilizadas e promovidas por bot farms para as tornar mais populares no X (antigo Twitter).
Desde o início da guerra, Israel facilitou o envio de quantidades sem precedentes de ajuda humanitária para Gaza — mesmo enquanto travava um conflito brutal em sete frentes. Alimentos, água, material médico, eletricidade e combustível fluíram para Gaza através de múltiplos canais. Israel coordenou-se com parceiros internacionais, incluindo os EUA e o World Food Program, para garantir que os corredores humanitários se mantêm abertos. Apesar disso, o Hamas continua a confiscar, saquear e redistribuir ajuda selectivamente, utilizando a fome como arma de controlo e propaganda, para seu próprio benefício e ganho pessoal, com o objectivo de continuar a encher as contas bancárias já recheadas dos seus líderes bilionários.
Esta realidade foi exposta no discurso emocionado do ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Sa’ar, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, no dia 5 de Agosto. O Ministro Sa’ar não usou de meias palavras para descrever como o Hamas fez com que reféns israelitas como Evyatar David e Rom Braslavski passassem fome — ambos sombras emaciadas dos jovens raptados a 7 de outubro — enquanto os terroristas do Hamas comiam carne, peixe, legumes e fruta fresca. Numa imagem assombrosa, o braço grosso e bem alimentado de um guarda do Hamas surge ao lado da figura esquelética de Evyatar, obrigado a cavar a sua própria cova.
No entanto, surpreendentemente, este horror mal mereceu uma qualquer menção na imprensa internacional.
O New York Times, por exemplo, que frequentemente amplificava alegações palestinianas não verificadas — chegou recentemente a publicar a imagem de um bebé com problemas de saúde preexistentes como prova de “fome”, sabendo que isso geraria um tsunami de ódio contra Israel, do qual foi forçado a retratar-se — recusou-se agora a publicar as imagens aterradoras dos reféns israelitas na sua primeira página. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, frequentemente condenatório de Israel, manteve-se em silêncio. Este silêncio não é neutralidade – é cumplicidade.
Aqui mesmo, em Portugal, no passado dia 1 de agosto, falei da utilização desta campanha de propaganda da fome urdida pelo Hamas, em entrevista à CNN, exigindo ao canal que se retratasse e dissesse a verdade sobre o uso que faz desse tipo de material, muito particularmente no caso de um menino chamado Muhammad al-Matouq, que sofre de uma doença genética. Como resultado, tiveram de corrigir a informação que transmitiram, irresponsavelmente, vezes sem conta.
A verdade, ela própria, é condenável: o Hamas mata reféns israelitas à fome enquanto finge preocupação com os civis de Gaza. A Autoridade Palestiniana paga salários a terroristas. E grande parte dos meios de comunicação social ocidentais continua a actuar como um canal voluntário da propaganda terrorista aplicando um escandaloso duplo critério: se vier do Hamas, são automaticamente adoptadas, credíveis e publicadas; se de Israel, exigem-se cada vez mais provas de veracidade.
Estamos a testemunhar um mundo de cabeça para baixo. Os agressores são retratados como vítimas. Os sequestrados e violados são ignorados, enquanto os sequestradores e violadores recebem ondas de apoio e simpatia. Esta inversão moral não é apenas vergonhosa – é perigosa. Não se trata apenas de o Hamas ter publicado um vídeo de um refém esquelético a cavar a sua própria sepultura num túnel. Trata-se de o Hamas saber que pode publicar um vídeo de um refém esquelético a cavar a sua própria cova num túnel, e muitos no Ocidente continuarem a pensar que são “os bons da fita”.
Países com um historial de regimes que controlavam o pensamento e a expressão são frequentemente os primeiros a reconhecer campanhas destinadas a manipular a consciência pública. No passado, isto era feito através da força bruta – hoje, é conseguido através do alcance subtil mas tremendamente poderoso das redes sociais. Não é por acaso que os principais impulsionadores destas campanhas são regimes autoritários e totalitários que exploram habilmente a abertura e as vulnerabilidades das sociedades democráticas para moldar as narrativas globais em seu benefício.
No mundo atual de mentiras virais e indignação politizada, a verdade deve ser defendida com coragem. E a verdade é esta: não há fome deliberada causada por Israel em Gaza. Há, sim e no entanto, uma campanha de fome. E há, definitivamente, uma fome deliberada dos reféns israelitas às mãos de um regime terrorista genocida.
Lembremo-nos que as vítimas não mantêm reféns. E que se o Hamas se rendesse e libertasse os reféns, a guerra terminaria instantaneamente.
observador