Yvonne Strahovski não estava pronta para se despedir de Serena em <i>The Handmaid's Tale</i>

Grandes spoilers a seguir .

Na semana passada, quando conversei com Yvonne Strahovski, a atriz australiana que interpreta Serena Joy Waterford, a superesposa que virou assistente da resistência em The Handmaid's Tale , ela ainda não tinha assistido ao final da série . "Você estava tendo uma grande festa de choro?", ela perguntou sobre o episódio. "Porque eu simplesmente imagino que seja uma festa de choro." Seus instintos estavam certos — os episódios finais da série são, às vezes, emocionantes, chocantes e esperançosos. Mas o final de Serena, em particular, fica em algum lugar no meio.

Depois de dar a June (Elisabeth Moss) e Mayday as informações necessárias para matar um punhado de comandantes poderosos, incluindo seu marido, e retomar Boston, Serena se encontra no limbo. "Sabe, eu nunca poderei voltar. Muita gente me quer morta", diz ela a June sobre Gilead. "O Canadá não me dá passaporte, nem a UE, então parece que não sou ninguém." June lembra Serena de que ainda é mãe de seu filho. "Seja assim", diz June antes de Serena embarcar em um ônibus para um campo de refugiados, com seu futuro incerto. Mais importante ainda, June lhe dá um presente final: seu perdão. "É uma reviravolta tão grande para os dois, um peso tirado dos ombros deles", diz Strahovski.

Aqui, a atriz fala sobre como foi filmar as últimas cenas de Serena - além da maneira surpreendente como seu enredo quase acabou.

Estou muito animado para falar com vocês sobre o final.

Nossa, não acredito que você já viu. Eu não vi nada dessa temporada, exceto o primeiro episódio.

Sério? Você vai assistir ao final em tempo real?

Uau. É. Sabe de uma coisa? Você meio que tornou isso real para mim. Provavelmente preciso assistir a temporada inteira primeiro. E não sei como vou fazer isso, mas vou ter que fazer.

Como você está se sentindo agora que o show está chegando ao fim?

Sou mãe de três filhos, então sou mãe em tempo integral desde que terminamos a série e estou adorando. Em parte, simplesmente não tive tempo [de assistir]. Mas também, mais profundamente, sinto que, se assistir à temporada, ela realmente acaba, e eu, pessoalmente, tive dificuldade em me desapegar da Serena. Isso me atingiu como um peso enorme quando finalmente chegamos perto das filmagens dos episódios finais. Eu simplesmente pensei: "Meu Deus, estou tão triste". E eu não entendia muito bem, mas tem sido um processo de luto inesperado me despedir da Serena. Então, acho que estou me segurando, porque talvez eu não esteja pronta para me despedir completamente.

Serena sempre foi uma das personagens mais cativantes e espinhosas. Você tinha esperanças e sonhos sobre como queria que a história dela terminasse?

Bem, no início houve muita discussão sobre se Serena sobreviveria a esta temporada. E quando isso começou a ser discutido seriamente, quando eles disseram: "Talvez a gente simplesmente a mate no final", eu pensei que, se era para ela morrer assim, então deveria ser em um momento trágico de glória, para dar a ela a satisfação de ter recebido o que merecia de várias maneiras. E então eles mudaram isso, o que me deixou muito feliz. A maneira como fizeram isso, eu acho que foi muito bem pensada. Certamente não foi um momento de glória, mas foi muito, muito significativo.

Yvonne Strahovski como Serena em The Handmaid's Tale

É um momento muito tranquilo. Há uma justaposição em que, ao longo de toda a série, ela aparentemente tem tudo, exceto a única coisa que deseja, que é ser mãe. Então, no final, ela aparentemente não tem nada, exceto o fato de ser mãe.

Ela perde em todos os outros aspectos, mas vence no geral, porque a única coisa que qualquer mãe escolheria acima de tudo isso é ter o seu bebê, e ela teve o bebê dela. Não é o que June pode dizer sobre Hannah, e isso é de partir o coração para June.

É realmente interessante. Essa é uma espécie de lição suprema, sabe? Ela está conseguindo o que quer, mas tudo o mais que ela utilizou, usou e manipulou ao seu redor para chegar lá, ela não tem mais. Ela não tem poder, não tem controle, não tem um país para viver. É realmente interessante que ela possa aprender a ter graça e gratidão, a ser humilde e começar a entender o impacto de algumas das escolhas que fez.

Como foi para você filmar a cena final em que ela está falando com seu bebê?

Foi muito emocionante. Quer dizer, eu estava muito emocionada o tempo todo, terminando tudo. Era importante para mim que terminássemos com esse elemento de esperança com a Serena, apesar das circunstâncias, porque dentro dessa esperança, acho que ela sente gratidão. Esse é um passo importante para ela dar nessa jornada.

Um dos maiores temas da temporada é o perdão, especialmente a busca de Serena pelo perdão de June. No final, ela finalmente consegue. Por que você acha que ela precisava ouvir isso para seguir em frente?

Nossa, cara. Quer dizer, June era a maior vítima dela. June [personificava] tudo o que havia de errado em Gilead e na fé dela, e ela nunca a deixaria esquecer isso e sempre a faria pagar por isso.

Serena precisa se encarar, e acho que ela ainda não fez isso de verdade. E se encarar, considerando o que ela fez na vida, é muita coisa. Ela tem muita vergonha para lidar. Talvez seja mais fácil lidar com essa vergonha com o perdão de June, finalmente. Acho que isso também dá a Serena a validação de que ela é uma boa pessoa por dentro, mesmo que eu não ache que seja isso que June esteja pensando ao lhe dar esse perdão. É assim que Serena está traduzindo isso em seu cérebro, porque é isso que ela precisa ouvir: "Eu sou uma boa pessoa e tenho boas intenções, mesmo que não seja o que todos os outros pensem."

Mas também, se houvesse uma hipotética 7ª temporada, então talvez o fato de ela ter dado a ela essa aceitação e perdão só serviria para desculpar Serena de fazer o trabalho duro de sentir vergonha ela mesma, sabe?

É complicado, porque não sabemos exatamente o que June está sentindo. Só sabemos que ela decide dar a ela o presente de dizer que a perdoa.

Um dos meus momentos favoritos é aquela cena em que [June] diz: "Não posso te perdoar", e aí tem o outro lado da moeda. Acho que é um tormento para ambas o fato de June não conseguir perdoar Serena. June quer se livrar dela e não pensar mais nela, mas simplesmente não consegue. Então, ela é torturada continuamente. É uma reviravolta tão grande para ambas, um peso tirado dos ombros delas.

Você acha que, no final, Serena está redimida ou poderá ser redimida?

Para mim, nunca é uma resposta clara de "sim" ou "não", em relação à Serena. Se houvesse uma resposta curta, seria mais "não" do que "sim".

Ela teve alguns momentos incríveis. Obviamente, tomou algumas decisões que podem parecer heroicas, como dar a June a informação sobre a localização dos comandantes, para que pudessem explodir o avião. Mas, no fim das contas, acho que esses são apenas pequenos passos de demonstração de qualidades redimíveis. Então, o verdadeiro teste seria a longevidade e a consistência.

A cena do “Eu te perdoo” foi a última cena que você filmou com Elisabeth Moss?

Não, na verdade a última cena que filmamos foi a que foi ao ar no episódio 9, na capela, onde ela me pede para entregar as informações sobre os comandantes.

O relacionamento June-Serena é essencial para toda a série. Então, como foi filmar sua última cena com Elisabeth e acabar com esse relacionamento?

Eu sou uma pessoa terrivelmente emotiva de qualquer maneira, então fiquei chorando o dia todo. Eu simplesmente não conseguia me recompor, de verdade. Saber que essa coisa enorme está chegando ao fim é simplesmente insano. Profissionalmente, isso significou muito para mim, fazer a transição para um papel que está em uma série que foi notada e aclamada pela crítica no mundo todo e significou tanto para as pessoas. Mas também, pessoalmente, isso abrangeu quase uma década das nossas vidas. Serena esteve comigo quando fiquei noiva, casei e dei à luz três bebês. É um capítulo enorme na vida de todos nós.

Então, é uma experiência tão estranha dizer adeus. Sou muito grata por ter tido a oportunidade de ter um papel como este, de ter sido confiada a mim, de poder levar a Serena e voar com ela, e por ela voar comigo — e pelos roteiristas nunca terem desistido de me desafiar e de me confiar um dos materiais mais difíceis, estranhos e loucos de todos os tempos. O nível de exigência foi elevado muito alto agora em termos de: "Bem, o que vem a seguir? O que vai me fazer sentir tão satisfeita criativamente quanto este papel?". É um ato difícil de superar.

Outra cena que adorei do final é quando Serena diz a June que sente muito pelo Nick. Acho que isso representa como Serena conhece June de uma forma muito específica que poucas pessoas conhecem.

Concordo com você. Ela é provavelmente a única pessoa que diria algo assim. É definitivamente um momento especial. Além disso, eu queria que fosse genuíno. Mas, devido à natureza do relacionamento deles, também poderia ser visto como uma provocação e uma facada — e é por isso que é tão emocionante interpretar essa personagem, porque há tantas camadas em cada coisa que sai da boca dela.

Sam Jaeger como Mark Tuello e Strahovski como Serena

Eu diria que, se tivéssemos outra temporada, sinto que os fãs ainda estariam muito interessados ​​no que está acontecendo entre Serena e Mark Tuello.

Ai, meu Deus, eu sei. Embora eu não tenha assistido à temporada completa, vi trechos de cenas aqui e ali, e vi aquela em que ele entra na casa do Comandante Lawrence, e eles se veem pela primeira vez em Deus sabe quanto tempo. Eles deram a ele uma espécie de entrada heroica no quarto, e eu vi alguns comentários como: "Papai Tuello chegou", ou algo assim. Acho muito, muito engraçado.

Brincamos que a fala dele quando ele diz "Eu vou te encontrar" foi tirada exatamente do filme O Último dos Moicanos, quando Daniel Day-Lewis disse "Eu vou te encontrar!". Nós estávamos rindo muito.

Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.