Médicos Sem Fronteiras se manifestam contra a UE: silêncio em relação a Israel é responsabilidade compartilhada

"Quantas crianças, mulheres e homens mais precisam morrer ou ser retirados dos escombros antes que vocês tomem medidas decisivas? Vocês continuarão se limitando a declarações vazias de 'preocupação' com a situação em Gaza?", perguntou Lockyear em uma coletiva de imprensa da MSF em Bruxelas.
- Peço aos países da UE que mostrem que a solidariedade não se resume a palavras, mas também a ações e à vontade de assumir responsabilidades - apelou.
A conferência foi realizada no contexto da próxima reunião de ministros das Relações Exteriores da UE, agendada para 23 de junho, durante a qual será discutida a revisão do Acordo de Associação UE-Israel, que rege as relações políticas e econômicas entre as duas partes.
No final de maio, a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, iniciou uma revisão do acordo, conquistando o apoio da maioria dos Estados-membros. A Holanda foi a primeira a apresentar a moção, argumentando que o bloqueio israelense de três meses à ajuda humanitária a Gaza viola obrigações decorrentes do direito internacional .
A revisão está sendo conduzida nos termos do Artigo 2º do acordo, que estabelece que as relações se baseiam no respeito aos direitos humanos e aos princípios democráticos. Caso sejam constatadas violações, o acordo poderá ser suspenso. No entanto, tal decisão exigiria a unanimidade de todos os 27 países da UE, o que atualmente parece improvável devido à resistência de alguns países, incluindo a Hungria.
O porta-voz da Comissão Europeia, Anouar El Anouni, lembrou na semana passada que também seria possível suspender algumas áreas de cooperação, o que poderia ser votado por maioria.
— O acordo de associação abrange muitas áreas. Em política externa, a unanimidade é necessária, mas em questões comerciais, a maioria é suficiente — explicou o porta-voz.
A suspensão das disposições comerciais significaria, entre outras coisas, a retirada das preferências alfandegárias para Israel, para o qual a UE continua sendo o parceiro comercial mais importante. Isso inclui a eliminação de taxas alfandegárias e outras barreiras regulatórias.
A União Europeia tem uma posição ambígua sobre como responder ao conflito entre Israel e o Hamas, que já dura desde outubro de 2023. Por um lado, a CE e a maioria dos Estados-membros têm enfatizado repetidamente "o direito de Israel à autodefesa"; por outro, a pressão política interna está crescendo para responder de forma mais severa à catastrófica situação humanitária na Faixa de Gaza.
Desde o início do conflito, a CE vem alocando fundos adicionais para ajudar a população civil em Gaza, mas organizações humanitárias e internacionais — incluindo Médicos Sem Fronteiras e a ONU — alertaram que o apoio não está chegando aos necessitados devido ao bloqueio israelense.
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