Especialista: a maior barreira para a renaturalização dos rios é a lei

Sabe-se quais ações devem ser tomadas para renaturalizar os rios poloneses; sabe-se também que isso é uma necessidade. Tudo o que é necessário é mudar algumas regulamentações para agir de forma mais rápida e eficaz — acredita o Dr. Mateusz Grygoruk, da SGGW. O Ministério do Clima garante que a implementação dessas mudanças já começou.
25 de junho é o Dia do Marinheiro, também conhecido como Dia do Marítimo.
O Dr. Habitante Mateusz Grygoruk, Prof. SGGW do Centro de Pesquisa Climática, observou que, embora o conhecimento sobre a necessidade de renaturalizar rios esteja crescendo e os benefícios resultantes disso estejam bem documentados, na prática as mudanças são muito lentas. Ele apontou a atual lei de águas como um dos principais obstáculos, "que ainda favorece a degradação dos rios em vez da sua recuperação".
O Ministério do Meio Ambiente publicou o +Catálogo de Boas Práticas na Área de Obras Hidrotécnicas e de Manutenção+ há vários anos. Obras de manutenção são atividades que os gestores de recursos hídricos podem realizar sem grandes formalidades. O problema é que quase todas essas atividades levam à deterioração das condições dos rios. Elas incluem questões como corte de vegetação, remoção de lodo, remoção de árvores, destruição de represas de castores – e todas essas são obras que degradam sistematicamente o ecossistema fluvial", comentou o especialista.
Pior ainda, ressaltou, a regulamentação atual dificulta a adoção de medidas, mesmo pequenas e rápidas, para melhorar as condições dos rios. "A lei nos permite, por exemplo, cortar uma árvore que cresce na margem, mas não nos permite plantar uma nova ali. Para realizar, mesmo pequenas renaturalizações, como recriar um meandro, introduzir nova vegetação no rio, quebrar uma antiga soleira de concreto, são necessários procedimentos de investimento, estudos de viabilidade e licenças de construção. E isso é caro, demorado e, muitas vezes, desanimador", ressaltou.
Além disso, acrescentou, após cada grande enchente, a ideia de construir novos reservatórios de retenção retorna como solução para ameaças futuras. Entretanto, tais soluções podem causar mais danos do que benefícios. "Construir reservatórios não resolve o problema das enchentes. Muito pelo contrário: quanto mais regulamos os rios, mais rápido a água flui e maior a ameaça nos cursos d'água. O problema não está no rio, mas em toda a área de captação, que precisa ser gerenciada de forma diferente. Lembremo-nos disto: os reservatórios — assim como a renaturalização dos rios — podem reduzir o risco de enchentes e secas, mas não o eliminarão completamente", enfatizou o Prof. Grygoruk.
A falta de atividades de renaturalização e a manutenção dos métodos tradicionais de manutenção dos rios causam problemas ambientais, além de custos sociais e econômicos. "Se não restaurarmos as funções naturais dos rios, pagaremos cada vez mais: pelo tratamento da água, pela reparação da infraestrutura após as enchentes, pelo combate aos efeitos das secas", alertou o cientista.
Em sua opinião, embora a Polônia já possua um Programa Nacional de Renaturalização das Águas Superficiais, que indica as direções das ações necessárias para cada rio, o problema é a falta de ferramentas que permitam decisões locais rápidas. "Se a regulamentação fosse alterada e certas ações simples como parte das obras de manutenção fossem permitidas, muitos gestores locais de recursos hídricos já poderiam melhorar as condições dos rios a um custo baixo e sem formalidades desnecessárias", sugeriu o especialista.
O cientista destacou o aumento gradual da conscientização pública sobre a necessidade de mudar a abordagem à gestão da água. No entanto, acrescentou que, sem mudanças sistêmicas, os poloneses continuarão a arcar com os altos custos da gestão inadequada dos rios. "Não é que as pessoas não saibam como proceder ou não queiram fazê-lo. Muitas vezes, elas sabem perfeitamente. Mas o sistema jurídico atual torna a recuperação de rios difícil e cara. Isso precisa ser mudado", concluiu o especialista.
Ele também lembrou a opinião popular entre os especialistas de que manter rios, lagos e outros corpos d'água em seu atual estado de transformação, muitas vezes motivado por um desejo equivocado de reduzir o risco de inundações, é completamente inútil a longo prazo.
"Diante das mudanças climáticas, do aumento das secas e inundações, atrasar as atividades de renaturalização só piorará a situação. Por isso, são necessárias soluções simples que permitam que os rios restaurem suas funções naturais o mais rápido possível. Antes que os custos da negligência se tornem insuportáveis", concluiu o Prof. Grygoruk.
Quando questionado pelo PAP se havia alguma tentativa de alterar a lei na área de atividades de renaturalização, o Ministério do Meio Ambiente respondeu que havia apresentado tais propostas — como parte de acordos interministeriais — ao projeto de alteração dos atos de apoio à segurança do Rio Odra e na área de gestão da água (o projeto está sendo processado pelo Ministério da Infraestrutura).
"Em particular, foi proposto complementar o catálogo de atividades de manutenção com as chamadas atividades de renaturalização +suave+, o que deverá permitir sua aplicação mais ampla na prática. Exemplos dessas atividades incluem o plantio de árvores e arbustos na zona costeira e a introdução de elementos naturais para a diversidade de habitats no leito do rio", lê-se na resposta enviada pelo Ministério da Cultura e Meio Ambiente.
O Ministério acrescentou que coopera com a Autoridade Estatal de Gestão de Águas Wody Polskie e parceiros sociais na implementação de projetos de renaturalização, como o projeto “Renaturalização de cursos de água transformados e áreas dependentes de água”, financiado pelo Programa de Fundos Europeus para Infraestrutura, Clima e Meio Ambiente (FEnIKS).
Conforme enfatizado, o objetivo do projeto é: restaurar a permeabilidade ecológica e a possibilidade de migração de peixes nos afluentes do Rio Odra nas voivodias de Opole e da Baixa Silésia; aumentar a resiliência dos ecossistemas criando refúgios para peixes; e implementar as premissas resultantes da Lei de Restauração da Natureza.
Katarzyna Czechowicz (PAP)
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