IA polonesa detecta transtornos mentais

Especialistas poloneses desenvolveram um sistema que detecta depressão, ansiedade e outros transtornos com base nos movimentos dos olhos em apenas 10 segundos. Atualmente, a precisão é de 70%, mas os pesquisadores veem potencial para melhorá-la ainda mais.
Cientistas de três universidades polonesas criaram um sistema baseado em inteligência artificial para detecção rápida de transtornos mentais.
Um total de 101 pessoas participaram do estudo que levou ao desenvolvimento do sistema, incluindo pacientes diagnosticados com depressão, pessoas com transtorno de ansiedade social e pessoas saudáveis servindo como grupo de controle. A tarefa dos participantes era ver fotos de rostos representando diversas emoções por 10 segundos. Sensores especiais colocados nos chamados dispositivos de rastreamento ocular registraram os movimentos oculares dos voluntários. Os dados coletados foram usados para gerar os chamados caminhos do olhar, que foram então analisados por redes neurais.
"Os padrões de movimento ocular podem fornecer dados objetivos sobre nossa condição mental. Em pessoas com depressão, notamos uma tendência a focar em estímulos negativos. Por sua vez, pessoas com ansiedade social apresentam maior atividade no escaneamento facial, o que está relacionado à ocorrência de um fenômeno em psicologia chamado hiperescaneamento. Isso se manifesta por uma extensão do caminho do escaneamento facial, o que indica sua sensibilidade a estímulos sociais", afirma a Dra. Karol Chlasta, da Universidade Kozminski, coautora do estudo e especialista na área de inteligência artificial.
Psicólogos e outros especialistas em pesquisa de IA também estiveram envolvidos na criação do sistema, incluindo o Dr. Hab. Krzysztof Krejtz e Dr. hab. Izabela Krejtz da Universidade SWPS e Dra. Katarzyna Wisiecka da AEH em Varsóvia.
No caso de depressão e ansiedade social, o método é 60–70 por cento eficaz. Os pesquisadores enfatizam que esse valor é comparável aos métodos tradicionais.
Ao mesmo tempo, a abordagem desenvolvida é muito mais rápida e menos envolvente para o paciente do que os métodos tradicionais. Ele também permite um monitoramento mais fácil e rápido das mudanças no estado mental de uma pessoa, enfatizam os autores da solução.
O novo método pode ser implementado em dispositivos do dia a dia – por exemplo um laptop, smartphone ou óculos de realidade virtual. "Podemos comparar isso ao funcionamento de relógios inteligentes que nos informam como era o nosso ritmo de sono. Só que, além do nosso pulso, também podemos medir e analisar a nossa visão, por exemplo", explica o Dr. Chlasta.
Essa abordagem visa criar um "gráfico de bem-estar mental" semelhante aos gráficos de passos, frequência cardíaca e qualidade do sono oferecidos pelos relógios inteligentes e smartphones atuais.
Os cientistas não se limitam a analisar a visão. Eles também estão trabalhando na aplicação de novos métodos de inteligência artificial à análise de voz — tanto no contexto do diagnóstico de depressão quanto de condições neurológicas.
"No caso de muitas doenças, nossa voz muda ligeiramente. Ela pode ser comparada a um computador sobrecarregado de trabalho, que trabalha um pouco mais devagar. Ele precisa alternar entre diferentes tarefas. No caso das pessoas, podemos observar mudanças no funcionamento dos órgãos da fala, que muitas vezes são difíceis de detectar por humanos, mas que um sistema baseado em redes neurais artificiais é capaz de identificar imediatamente, mesmo em pequenos fragmentos de fala", diz o Dr. Chlasta.
"Isso pode fornecer um sinal de alerta precoce de que corremos o risco de depressão, demência ou Alzheimer. Isso nos dá a chance de reagir mais rapidamente. Mude nossos hábitos diários e consulte um médico antes que nossos sintomas piorem", acrescenta o cientista.
Os criadores do sistema enfatizam que a depressão e a ansiedade social estão entre os transtornos mentais mais comuns, e o número de pessoas afetadas por elas continua crescendo. Citando previsões da OMS, eles dizem que até 2030 a depressão será a doença mais frequentemente diagnosticada no mundo. Na Polônia, aproximadamente 4 milhões de pessoas já sofrem com isso, embora muitos casos passem despercebidos. Uma das principais razões para a falta de diagnóstico é que a detecção precoce da depressão é difícil e demorada.
Uma análise rápida dos movimentos oculares pode fornecer informações valiosas sobre o estado mental de uma pessoa e ser um sinal importante de que vale a pena consultar um médico, sugerem os autores da solução. Eles também observam que mais pesquisas serão necessárias antes que o novo método possa ser amplamente implementado. Para criar um modelo que funcione bem, são necessários dados adicionais. No entanto, eles não são coletados sistematicamente, e as instalações médicas também não. Além disso, a confiança pública na inteligência artificial ainda é baixa, e as pessoas encaram o fornecimento de seus dados com um certo grau de incerteza. A verdade, porém, é que sem dados adicionais não será fácil ir além das condições de laboratório, e sem análises adicionais não seremos capazes de demonstrar o protótipo desta nova tecnologia em condições operacionais", explica o Dr. Chlasta.
Mudanças sistêmicas também são necessárias. Segundo o Dr. Chlasta, seria possível usar a tecnologia desenvolvida por sua equipe em um sistema mais amplo que permitiria o monitoramento da saúde mental dos pacientes — seja em uma escala de todo o sistema de saúde ou, por exemplo, no nível de uma única clínica.
Mais informações no site. (PAP)
Marek Matacz
tapete/zan/
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