Adoçantes podem acelerar o declínio cognitivo

Adoçantes têm sido objeto de debate há muitos anos quanto à sua segurança. Mais uma vez, eles estão sob pressão. Desta vez, um estudo levanta preocupações sobre seus efeitos a longo prazo na saúde cerebral. Publicado em 3 de setembro na Neurology , a revista médica da Academia Americana de Neurologia, o estudo sugere que pessoas que consomem grandes quantidades de adoçantes experimentam um declínio acelerado na memória e na capacidade de raciocínio em comparação com aquelas que consomem menos. Um efeito equivalente a 1,6 ano de envelhecimento cognitivo prematuro, de acordo com Claudia Kimie Suemoto (Universidade de São Paulo) e seus colegas.
Aspartame, sorbitol... Substitutos do açúcar são consumidos diariamente por milhões de pessoas, em iogurtes, sobremesas, água, refrigerantes e muito mais. Esses aditivos alimentares, usados em alimentos ultraprocessados, proporcionam um sabor adocicado, reduzindo o teor de açúcar adicionado e, consequentemente, o número de calorias. Alguns também são usados como adoçantes puros.
A equipe de pesquisa acompanhou 12.772 participantes da coorte de servidores públicos do Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), com média de idade de 52 anos no início do estudo, ao longo de três fases, ao longo de oito anos. Os voluntários responderam inicialmente a um questionário detalhado sobre seus hábitos alimentares. Sete adoçantes — aspartame, sacarina, acessulfame K, eritritol, xilitol, sorbitol e tagatose — foram estudados. O consumo médio foi de 92 miligramas/dia/pessoa, sendo o sorbitol o mais utilizado.
Especialmente entre aqueles com menos de 60 anosO resultado: ao final do acompanhamento de oito anos, os indivíduos com a maior ingestão (cerca de 191 miligramas/dia) apresentaram um declínio 62% mais rápido em suas habilidades gerais de pensamento e memória do que aqueles no grupo com menor ingestão (uma média de 20 miligramas/dia). O declínio foi ainda mais pronunciado entre pessoas com diabetes.
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Le Monde