Até 40% das pessoas com diabetes tipo 2 desenvolverão doença renal crônica. Como isso pode ser prevenido?

Complicações renais são cada vez mais comuns em pacientes diagnosticados com diabetes. Estima-se que até 40% das pessoas com diabetes tipo 2 desenvolverão doença renal crônica (DRC), uma doença que progride silenciosamente e geralmente é detectada apenas quando o dano renal é grave.
Por isso, no Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, comemorado anualmente em 30 de maio, é fundamental reconhecer a importância da prevenção, do diagnóstico e do tratamento oportuno para evitar a evolução para a insuficiência renal e a necessidade de transplante e, consequentemente, contribuir para que mais pessoas na lista de espera possam receber o órgão de que tanto necessitam.
Na Colômbia, mais de um milhão de pessoas vivem com doença renal crônica (DRC), que ocorre quando os rins são danificados e não conseguem mais filtrar toxinas do sangue ou regular adequadamente o equilíbrio hídrico e eletrolítico do corpo. Em estágios avançados, tratamentos como diálise ou transplante de rim são necessários para permanecer vivo.
Devido à sua natureza epidêmica e alta morbidade e mortalidade, a DRC é um problema global de saúde pública. No país, essa patologia aumentou 25% entre 2022 e 2023, representando uma redução no bem-estar dos pacientes e um aumento de custos para o sistema de saúde. Nesse sentido, é fundamental que aqueles com fatores de risco, como os portadores de diabetes, tomem medidas preventivas para evitar a migração para a DRC.
“Pacientes diabéticos devem estar cientes do alto risco de desenvolver doença renal crônica. Os sintomas não podem ser normalizados nem os sinais de alerta minimizados. É essencial consultar um médico caso ocorra alguma alteração. Prevenir a deterioração renal não só melhora a qualidade de vida, como também pode prevenir a progressão para diálise, transplante ou até mesmo a morte”, disse Jorge García, fundador e diretor da Fundação Retorno Vital.
Diabetes como precursor da DRC Quando os níveis de açúcar no sangue não são bem controlados, os pequenos vasos sanguíneos dos rins podem ser danificados, afetando sua capacidade de filtrar o sangue, regular o equilíbrio corporal, eliminar resíduos e outras funções. Um estudo conduzido pela Ipsos, Bayer e Sociedade Latino-Americana de Nefrologia e Hipertensão (SLANH) na Colômbia, Brasil, México e Argentina mostrou que a função renal prejudicada está presente em 30% a 50% dos pacientes com diabetes tipo 2.

Exercícios e um estilo de vida saudável ajudam a prevenir doenças como a DRC. Foto: iStock
Nos estágios iniciais da DRC, pode não haver sintomas óbvios, mas, à medida que o dano progride, surgem sinais como fadiga persistente, vômitos constantes, perda de apetite, ganho de peso, cãibras, inchaço nos pés e tornozelos ou alterações na produção de urina, todos os quais devem exigir atenção médica.
De acordo com Silvia Rey, consultora médica sênior para problemas cardiorrenais da Bayer: “80% dos pacientes com doença renal crônica não são diagnosticados em estágios iniciais, o que limita seu acesso a tratamento oportuno. Além disso, estima-se que apenas 10% das pessoas com problemas renais recebem tratamento, o que está ligado à ausência de sintomas evidentes, à falta de conscientização sobre a importância do autocuidado e à falta de atendimento abrangente e coordenado entre as diferentes especialidades médicas para tratar as complicações de forma eficaz e prevenir sua progressão.”
A detecção precoce da DRC em pacientes diabéticos pode fazer a diferença entre manter sua qualidade de vida ou enfrentar complicações graves. Quando essa condição é detectada precocemente, o risco de progressão para o estágio mais avançado da doença pode ser reduzido em até 50%.

O diabetes tipo 2 é o tipo mais comum de diabetes. Foto: iStock
É essencial que pacientes com diabetes assumam um papel ativo em seus cuidados de saúde para evitar complicações renais. Dentre as principais estratégias, destacam-se:
- Reconhecer o risco de desenvolver DRC como parte da condição diabética.
- Mantenha um peso saudável.
- Monitore e controle os níveis de glicose no sangue constantemente.
- Mantenha uma dieta equilibrada, com baixo teor de sódio e açúcares refinados, que inclua frutas, vegetais, proteínas e gorduras saudáveis. Limite também a quantidade de carboidratos (arroz, batata, mandioca, banana, pão, entre outros) consumidos. Tudo isso deve ser feito com o apoio de um nutricionista.
- Elimine o consumo de álcool e tabaco.
- Pratique atividade física regular, adaptada às condições de cada paciente e com aconselhamento profissional.
- Visite seu médico mensalmente para monitorar o diabetes e peça exames renais pelo menos uma vez por ano.

80% das pessoas não são diagnosticadas com doença renal crônica em seus estágios iniciais. Foto: iStock
No Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, o apelo é claro: além da solidariedade que a doação de órgãos representa, é urgente assumir o autocuidado e a prevenção como responsabilidade diária. Para pacientes com diabetes, isso significa monitorar de perto a saúde dos rins, adotar hábitos que lhes permitam viver bem e reduzir o risco de progressão para doença renal crônica avançada.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo