O que os especialistas em saúde estão dizendo sobre o programa de vacinação contra COVID-19 de Alberta

Especialistas em saúde, defensores e sindicatos estão alertando sobre o plano de Alberta para vacinas pagas contra a COVID-19, chamando-o de preocupante e confuso.

Na segunda-feira, dois meses após a província anunciar a adição de uma taxa, a pré-encomenda da vacina foi aberta online. Os moradores de Alberta ainda precisam agendar a vacinação, a partir de outubro.

O Dr. James Talbot, ex-diretor médico de saúde da província, disse que o governo parece estar fazendo tudo o que pode para tornar a campanha de imunização deste ano um "fracasso", tornando-a menos disponível, menos acessível e menos barata.

"Eles estão basicamente sabotando sua própria campanha contra a COVID", disse ele.

Ele está entre um coro de críticos alertando que isso pode levar a mais hospitalizações e estresse no sistema de saúde.

Talbot e outros especialistas em saúde pública e médicos escreveram um artigo de opinião no Edmonton Journal na semana passada, argumentando que o plano cria barreiras injustas e coloca os habitantes de Alberta em risco.

"Vocês criaram essa injustiça: se você for rico, poderá ser protegido, mas se for pobre, talvez não consiga", disse Talbot.

Leigh Allard, presidente e CEO da Alberta Lung, parte da National Lung Health Alliance, disse que a política do governo a torna uma exceção extrema e seu precedente pode se espalhar por todo o país.

Aqueles que sofrem de doenças pulmonares como asma, fibrose cística ou fibrose pulmonar são vulneráveis, ela acrescentou.

Este ano, os moradores de Alberta também não poderão ir a uma farmácia para tomar a vacina contra a COVID-19, onde a grande maioria das doses foi administrada no ano passado. Eles precisarão ir a uma clínica de saúde pública.

Allard disse que as pessoas estão confusas com o plano. Ela também está preocupada que muitos não consigam ir a uma clínica para tomar a vacina, especialmente se o horário não for estendido, ou alguns simplesmente não tenham condições de pagar.

Ela disse esperar um aumento na adesão aos programas de assistência financeira da Alberta Lung. "Como instituição de caridade, não deveríamos suplementar o que o governo deveria estar fazendo."

O governo afirmou que ainda pagará pela vacinação de alguns, incluindo aqueles com sistema imunológico comprometido ou que participam de programas sociais. Idosos em ambientes com aglomeração de pessoas também serão cobertos.

No entanto, os detalhes das condições de saúde elegíveis não foram divulgados. Estima-se que uma vacina possa custar US$ 110, mas o governo ainda não definiu o preço.

Kyle Warner, porta-voz da Ministra da Saúde Primária e Preventiva, Adriana LaGrange, disse que os detalhes serão divulgados em breve.

"O plano de imunização de outono está sendo finalizado, e os detalhes — incluindo o cronograma de vacinação atualizado, condições de elegibilidade, locais exatos e taxa administrativa para vacinas contra COVID-19 — estarão disponíveis em breve", disse ele em um comunicado.

Warner também disse que os moradores de Alberta que não fizerem a pré-encomenda até o prazo final de 30 de setembro ainda poderão agendar uma consulta para vacinação assim que as doses estiverem disponíveis.

Ele disse que a pré-encomenda online ajuda a determinar as necessidades futuras de vacinas, minimizar o desperdício, gerenciar as entregas e evitar reservas duplicadas, já que a vacina contra a gripe pode ser administrada simultaneamente. Aqueles que fizerem a pré-encomenda receberão um lembrete em outubro para agendar uma consulta.

A província disse que encomendou 485.000 doses da vacina contra a COVID-19 para o outono e que parte do custo estimado de US$ 49 milhões seria coberto por aqueles que tivessem que pagar.

O governo não respondeu a perguntas sobre se tem um plano de contingência para encomendar mais doses, se necessário, se os custos fora da província podem ser reembolsados e o que motivou sua decisão de encomendar 250.000 doses a menos do que no ano passado.

Também não esclareceu se as vacinas contra a gripe, que continuam gratuitas, estariam disponíveis nas farmácias.

O diretor médico interino de saúde da província, Dr. Sunil Sookram, não foi disponibilizado para uma entrevista.

Talbot disse que omitir detalhes era desrespeitoso.

"Já é ruim que exista uma lista que diz que você vai racionar, mas depois ter confusão sobre quem está na lista — isso parece cruel", disse ele.

A província afirmou que cerca de um milhão de doses da vacina contra a COVID-19, ou pouco mais da metade do estoque de Alberta, não foram utilizadas durante a temporada de vírus respiratórios de 2023-24. A premiê Danielle Smith afirmou que isso significou que US$ 135 milhões foram "jogados no ralo".

Enfrentando perguntas acaloradas sobre a política em uma reunião pública em Edmonton na quinta-feira, Smith disse que seu governo do Partido Conservador Unido está tentando não desperdiçar dinheiro público.

"Há muitos tipos diferentes de vacinas que são pagas do próprio bolso agora... porque o governo federal as cortou", disse ela, apontando para as vacinas contra febre amarela, que também precisam ser compradas.

Os dados provinciais mais recentes dizem que 394 habitantes de Alberta com COVID-19 confirmado morreram desde agosto passado.

Talbot e líderes trabalhistas também disseram que o plano coloca os profissionais de saúde em perigo e potencialmente força aqueles em um sistema já sobrecarregado a tirar licença médica do trabalho para evitar infectar outras pessoas.

"Vocês serão a única província do país que dirá que se importam tão pouco com essas pessoas que vão forçá-las a pagar pela própria vacina", disse Talbot.

"Parece-me inconcebível que uma mente racional pense que essa seja uma boa maneira de recrutar e reter profissionais de saúde."

Os sindicatos alertaram esta semana sobre possíveis consequências.

Em uma carta enviada na terça-feira ao primeiro-ministro, o presidente da Federação Trabalhista de Alberta, Gil McGowan, escreveu que seria uma violação das leis de saúde e segurança no local de trabalho não incluir todos os profissionais de saúde, profissionais da educação, operadores de transporte e aqueles do setor de serviços em sua lista de prioridades.

McGowan disse que também está ouvindo frustração e confusão dos membros da linha de frente.

"Não é apenas incompetência. Claramente, esta não é uma estratégia de distribuição de vacinas. É uma estratégia de supressão da vacinação", disse ele.

O sindicato United Nurses of Alberta afirmou que o plano limita a liberdade dos habitantes de Alberta de escolher a vacinação, limitando intencionalmente o fornecimento e penalizando aqueles que não podem pagar.