A estreia de Simone Bellotti para Jil Sander andou na corda bamba entre estilo e disciplina
Há algo maravilhosamente discreto na maneira como Simone Bellotti cria. Em sua função anterior na Bally, ele conferiu à grife suíça um toque punk-rock surpreendentemente sutil. Por isso, quando foi confirmado na Jil Sander, após a saída de Luke e Lucie Meier , os fãs de moda ficaram intrigados. Como ele pegaria a mãe de todas as marcas minimalistas e a destacaria em um espaço cada vez mais concorrido? O desfile de hoje da Semana de Moda de Milão ofereceu a resposta: execução hiperfocada e um olhar estilístico exigente.
Nada na coleção foi feito sem uma intenção meticulosa. Cada look era um ato de equilíbrio entre uma paleta expressiva e uma forma restritiva — uma manifestação indumentária do pós-modernismo. Muitas das combinações de blocos de cores também evocavam o filme "O Quarto ao Lado" , de Pedro Almodóvar, repleto de escolhas de figurinos de cores sólidas, sutilmente vibrantes e bem-feitas, por parte das personagens de Tilda Swinton e Julianne Moore .
Um toque de Espacialismo, o movimento artístico de meados do século XX, também pairava por toda parte. Saias com cortes assimétricos, em tons de casca de ovo, preto e carvão, davam uma bela e contida sensação de profundidade — como telas usáveis de Lucio Fontana.
As saias apresentavam aberturas imperceptíveis abaixo da cintura, revelando o movimento natural dos quadris das modelos. Em um vestido azul Yves Klein, o tecido estreitava dos ombros até a cintura, criando um espaço negativo inesperado. Em outros lugares, a revelação era mais clara (e um pouco mais divertida também). Vestidos e tops pareciam ter sido usados de trás para frente, revelando um recorte convexo que deixava o peito à mostra, usado com um bralette discreto (ou, às vezes, com lantejoulas) por baixo.
Em meio à sensação geral de controle, a extravagância sempre conseguia se impor. Uma saia metálica discretamente equilibrada com um top azul-marinho com zíper ou uma blusa azul transparente combinada com calças apropriadas para o escritório ecoavam a ousadia da Jil Sander moderna que conhecemos.
De uma perspectiva panorâmica, a coleção de estreia de Bellotti parecia um amuse-bouche meticulosamente elaborado, cheio de contrastes encantadores e vislumbres de até onde ele pode ir até que a tensão se dissipe.
Alexandra Hildreth é editora de notícias de moda da ELLE. Ela é fascinada por tendências de estilo, notícias da indústria, mudanças e The Real Housewives . Anteriormente, estudou na Universidade de St. Andrews, na Escócia. Após a formatura, voltou para Nova York e trabalhou como jornalista e produtora freelancer.
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