Após transplante, mulher gera bebê no útero da própria mãe

Durante o parto do primeiro filho, a australiana Kristy Bryant passou por sérias complicações e precisou remover o útero. Na época, a jovem sentiu que o sonho de ter mais filhos havia chegado ao fim. Mas, em uma situação inusitada, possível a partir de inovações médicas e científicas, ela acabou se tornando a receptora de um novo útero transplantado: o de sua própria mãe.
O procedimento foi o primeiro realizado na Austrália e fez parte de um ensaio clínico histórico no Royal Hospital for Women de Sydney. O transplante de útero, por si só, já é considerado um avanço na medicina, uma vez que ainda não é um procedimento comum.
No caso de Kristy então, em que a a doadora do órgão foi a própria mãe, Michelle, de 54 anos, a história ganhou contornos ainda mais impressionantes.

Em 2021, ao dar à luz a sua primeira filha, Violet, Kristy sofreu uma grave hemorragia e precisou passar por uma histerectomia de emergência (cirurgia para remover o útero) e foi informada de que não conseguiria ter outro filho.
Eventualmente, Bryant soube de um estudo no Royal Hospital for Women sobre transplante de útero. Quando ela conversou sobre o assunto e a possibilidade do transplante com a mãe, a resposta foi rápida. “Ela disse ‘sim’ sem hesitar”, contou.
E foi assim que as duas entraram nessa experiência. “Eu tinha o útero da mamãe – no qual eu tinha crescido quando bebê — dentro de mim. Foi incrível”, revelou à ABC Austrália.
Apesar de ter aceitado doar o órgão, Michelle disse que, em um primeiro momento, ficou surpresa: “Eu perguntei: ‘É sério isso? Isso existe?’” A mãe, que prontamente aceitou ajudar a filha, afirmou: “Ela não é apenas minha filha, ela é minha melhor amiga e eu faria de tudo para ajudá-la em sua jornada”.

O transplante foi realizado em janeiro de 2023. Meses depois, a boa notícia veio: o útero que havia gerado Kristy agora acolhia uma nova vida. O tratamento deu certo e a jovem anunciou a gravidez do segundo filho.
Em dezembro de 2023, ela deu à luz Henry, um menino saudável que se desenvolveu no mesmo útero em que a própria mãe foi gerada. “Depois da minha histerectomia, ansiava desesperadamente por outro filho e senti que não havia muitas opções. Tem sido um ano turbulento, e ter Henry aqui, seguro, vai além de tudo que eu pensava ser possível”, disse a um site local, na época da gestação.
Nas redes sociais, ela escreveu: “Sinto-me incrivelmente sortuda por poder fazer parte de uma pesquisa tão inovadora. Eu e o Henry estamos bem. Eu e a minha família gostaríamos de agradecer a todos os envolvidos na realização deste ensaio clínico e do nosso sonho”.
metropoles