NASA anuncia poss�vel sinal de vida antiga em Marte

Espaço
Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/09/2025

Estratificação, nódulos, frentes de reação e detecções de compostos orgânicos na rocha estudada em Marte.[Imagem: Joel A. Hurowitz et al. - 10.1038/s41586-025-09413-0]
Vida em Marte?
A NASA anunciou que o robô Perseverança, que explora e estuda a geologia de Marte desde 2021, encontrou uma rocha contendo uma "possível bioassinatura", uma eventual indicação de vida microbiana antiga.
Uma bioassinatura é um sinal de vida, mas uma "possível bioassinatura" é uma substância ou estrutura que pode ter uma origem biológica, mas requer mais dados e estudos adicionais antes que se possa chegar a uma conclusão definitiva sobre a ausência ou presença de vida.
A amostra foi coletada pelo rover no que se acredita ser o leito seco de um antigo rio na Cratera de Jezero, onde o Perseverança pousou. A parte estudada, retirada de uma rocha chamada "Cachoeira Cheyava" no ano passado, foi batizada de "Canal de Safira", e é nela que foram encontradas as potenciais bioassinaturas.
Os instrumentos científicos do rover revelaram que as rochas sedimentares da formação são compostas de argila e silte, que, na Terra, são excelentes preservadores de vida microbiana passada. Elas também são ricas em carbono orgânico, enxofre, ferro oxidado (ferrugem) e fósforo. Mas não há algo como "fósseis de micróbios" na rocha.
"Isto é o mais perto que chegamos de descobrir vida em Marte," disse Sean Duffy, da NASA.
Comida de micróbios, mas não os micróbios
Ao analisar a rocha Cachoeira Cheyava, que mede 1 metro por 60 centímetros, os instrumentos mostraram o que pareciam ser manchas coloridas. Essas manchas na rocha poderiam ter sido deixadas por vida microbiana, caso esta tivesse utilizado os ingredientes brutos da rocha, como carbono orgânico, enxofre e fósforo, como fonte de energia.
Novas imagens de alta resolução mostraram um padrão distinto de minerais dispostos em frentes de reação (pontos de contato onde ocorrem reações químicas e físicas) que a equipe chamou de manchas de leopardo. As manchas contêm a assinatura de dois minerais ricos em ferro: Vivianita (fosfato de ferro hidratado) e greigita (sulfeto de ferro). A vivianita é frequentemente encontrada na Terra em sedimentos, turfeiras e ao redor de matéria orgânica em decomposição. Da mesma forma, certas formas de vida microbiana na Terra podem produzir greigita.
A combinação desses minerais, que parecem ter-se formado por reações de transferência de elétrons entre o sedimento e a matéria orgânica, é uma possível impressão digital para a vida microbiana, que usaria essas reações para produzir energia para seu crescimento.
Contudo, esses minerais também podem ser gerados abioticamente, ou seja, sem a presença de vida. Portanto, existem maneiras de produzi-los sem reações biológicas, incluindo altas temperaturas sustentadas, condições ácidas e ligação por compostos orgânicos (à base de carbono). O que a equipe de cientistas da NASA pondera é que as rochas da região não apresentam sinais de que tenham passado por altas temperaturas ou condições ácidas, mas também não se sabe se os compostos à base de carbono presentes seriam capazes de catalisar reações de manutenção da vida em baixas temperaturas.
Até o momento, não foi encontrado nenhum sinal da hipotética vida microbiana que poderia ter-se alimentado dos compostos presentes na rocha analisada. Ou seja, descobrimos "comida de micróbios marcianos", mas não os próprios micróbios marcianos.
Artigo: Redox-driven mineral and organic associations in Jezero Crater, Mars
Autores: Joel A. Hurowitz, M. M. Tice, A. C. Allwood, M. L. Cable, K. P. Hand, A. E. Murphy, K. Uckert, J. F. Bell III, T. Bosak, A. P. Broz, E. Clavé, A. Cousin, S. Davidoff, E. Dehouck, K. A. Farley, S. Gupta, S.-E. Hamran, K. Hickman-Lewis, J. R. Johnson, A. J. Jones, M. W. M. Jones, P. S. Jørgensen, L. C. Kah, H. Kalucha, T. V. Kizovski, D. A. Klevang, Y. Liu, F. M. McCubbin, E. L. Moreland, G. Paar, D. A. Paige, A. C. Pascuzzo, M. S. Rice, M. E. Schmidt, K. L. Siebach, S. Siljeström, J. I. Simon, K. M. Stack, A. Steele, N. J. Tosca, A. H. Treiman, S. J. VanBommel, L. A. Wade, B. P. Weiss, R. C. Wiens, K. H. Williford, R. Barnes, P. A. Barr, A. Bechtold, P. Beck, K. Benzerara, S. Bernard, O. Beyssac, R. Bhartia, A. J. Brown, G. Caravaca, E. L. Cardarelli, E. A. Cloutis, A. G. Fairén, D. T. Flannery, T. Fornaro, T. Fouchet, B. Garczynski, F. Goméz, E. M. Hausrath, C. M. Heirwegh, C. D. K. Herd, J. E. Huggett, J. L. Jørgensen, S. W. Lee, A. Y. Li, J. N. Maki, L. Mandon, N. Mangold, J. A. Manrique, J. Martínez-Frías, J. I. Núñez, L. P. O’Neil, B. J. Orenstein, N. Phelan, C. Quantin-Nataf, P. Russell, M. D. Schulte, E. Scheller, S. Sharma, D. L. Shuster, A. Srivastava, B. V. Wogsland, Z. U. WolfRevista: NatureVol.: 645, pages 332-340DOI: 10.1038/s41586-025-09413-0Outras notícias sobre:
inovacaotecnologica