Cientistas poloneses fizeram uma descoberta inovadora que ajudará no tratamento de doenças genéticas raras.

Uma equipe de pesquisadores do Centro de Novas Tecnologias da Universidade de Varsóvia, da Universidade Médica de Varsóvia e do Instituto Internacional de Biologia Molecular e Celular fez uma descoberta inovadora. Pela primeira vez no mundo, eles obtiveram com sucesso mRNA circular usando um método químico. Esse método inovador estende a vida útil da molécula de RNA, aumentando assim o tempo de produção de proteínas terapêuticas. No futuro, essa tecnologia poderá ser crucial no tratamento de doenças genéticas raras, como a fibrose cística.
O RNA circular é uma forma específica de RNA mensageiro que ocorre naturalmente em organismos, mas suas aplicações terapêuticas ainda estão sendo exploradas. A estrutura do RNA circular não possui as extremidades mais suscetíveis à degradação no mRNA clássico. Isso permite que o mRNA circular permaneça nas células por muito mais tempo, possibilitando uma produção proteica mais prolongada e intensiva.
"O que fizemos foi, pela primeira vez, encapsular moléculas gigantes e altamente sensíveis como o RNA usando métodos químicos de forma circular. Isso nos permitiu introduzir uma estrutura responsável pela tradução, assim como ocorre em humanos", explica o Prof. Jacek Jemielity, do Centro de Novas Tecnologias da Universidade de Varsóvia.
Os pesquisadores utilizaram uma reação química suave que não danifica as delicadas moléculas de RNA. Inicialmente, eles experimentaram com fragmentos curtos, mas, surpreendentemente, o método se mostrou eficaz mesmo com moléculas grandes, de até 4.000 nucleotídeos de comprimento — incluindo aquelas que codificam a vacina contra a COVID-19. O processo apresentou eficiência de até 60%.
O uso de uma forma circular de mRNA permitiu uma produção de proteína até 370 vezes maior do que o mRNA linear tradicional. Isso abre novas perspectivas para terapias que exigem entrega sustentada de proteínas, como o tratamento de doenças genéticas.
- São doenças genéticas raras, ou seja, doenças em que a proteína terapêutica deve ser entregue por um período muito maior do que nas aplicações de vacinas, porque a proteína terapêutica deve ser produzida durante toda a vida do paciente - enfatiza o Prof. Jemielity.
A fibrose cística é um exemplo, onde uma mutação em um único componente de uma proteína transportadora de íons leva à sua disfunção. A tecnologia de mRNA circular pode permitir a entrega de uma versão correta dessa proteína por um longo período.
A pesquisa sobre essa tecnologia está em estágios iniciais. A equipe planeja aumentar a eficiência do processo para além de 80% e otimizar a estrutura do RNA para tornar a produção de proteínas ainda mais longa e eficiente. Testes iniciais em camundongos demonstraram que o RNA circular é biologicamente ativo.
- A etapa final será, naturalmente, demonstrar as aplicações do RNA circular, ou seja, já estamos pensando em qual modelo de doença queremos usar para demonstrar que essa tecnologia funciona melhor do que o que já existe no mercado - anuncia o Prof. Jemielity.
fonte: Newseria preparada por ZŚ
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