Psicólogo fala sobre paternidade: um desafio, mas também uma fonte de satisfação

A paternidade é um grande desafio, mas também uma fonte de satisfação – observar os primeiros passos e sorrisos, brincar juntos, criar proximidade e criar um bom relacionamento – disse o psicólogo Dr. Kamil Janowicz, da Universidade SWPS, à PAP. Ele acrescentou que um pai envolvido é tão valioso para uma criança quanto uma mãe.
No dia 23 de junho, o Dia dos Pais é comemorado na Polônia.
No início da década de 1990, o primeiro encontro de um pai com seu filho recém-nascido ocorreu através de uma janela de hospital. Hoje, é quase universal a presença de homens nas salas de parto, que, além de apoiar a parceira no trabalho de parto, podem se envolver nos cuidados com o recém-nascido desde o início.
Em entrevista ao PAP, o Dr. Kamil Janowicz, psicólogo e professor da Universidade SWPS, que lida, entre outras coisas, com a identidade parental, explicou que para muitos homens, se estiverem devidamente preparados, dar à luz é um evento que os faz perceber e compreender que estão entrando em um novo papel na vida e no senso de responsabilidade associado a isso.
"Alguns homens falam sobre uma onda de amor e alegria. Outros dizem que já ouviram falar, mas não vivenciaram — e isso também é normal, os sentimentos podem surgir com o tempo. A base para construir um relacionamento com uma criança muito pequena é atender às suas necessidades básicas: alimentá-la, trocar fraldas, dar banho, colocá-la para dormir, cuidar do calor e do conforto", disse a psicóloga.
Ele acrescentou que uma criança pequena não se lembrará de ver o pai com uma fralda ou uma mamadeira na mão. No entanto, física e emocionalmente, ela ganhará a sensação de que não apenas a mãe, mas também o pai, são pais que reconhecem suas necessidades e as atendem, e, portanto, são pessoas confiáveis.
"Bebês cuidados dessa forma crescem e se tornam crianças felizes em ficar com o pai, brincar com ele, conversar com ele. Para eles, o pai é um pai tão valioso quanto a mãe. Alguns homens dizem com orgulho que são eles a quem a criança recorre quando vivencia sucessos ou fracassos — o que é a melhor prova da qualidade do relacionamento entre eles", disse a psicóloga.
Na sua opinião, vale a pena apoiar os pais e incentivá-los a se envolverem desde cedo na vida dos filhos. Principalmente porque isso os beneficia: a parentalidade proporciona um senso de competência, desenvolve-os social e emocionalmente, permite a verificação de prioridades e valores de vida e contribui para o desenvolvimento e a reflexão.
"Além de ser um fardo e um desafio adicional, a paternidade também é uma fonte de satisfação. Em estudos, os pais afirmam que gostam de passar tempo juntos, ver o filho sorrir, poder observar o desenvolvimento do filho, brincar juntos, interagir, estar próximos", disse o Dr. Janowicz. "Especialmente os pais altamente envolvidos enfatizam que muitas coisas acontecem apenas uma vez: quando a criança começa a andar, a falar, quando vai para o jardim de infância ou para a escola — e eles querem testemunhar isso, acompanhar a criança", acrescentou.
Ele explicou que uma fonte adicional de satisfação é a possibilidade de vivenciar a parentalidade com um parceiro. Em certas médias, observamos – como indicado pelo Dr. Janowicz – que nas primeiras semanas ou mesmo meses após o parto, a satisfação com o relacionamento diminui – tanto entre pais quanto entre mães. A longo prazo, porém, observamos que essa satisfação ou retorna ao nível anterior ou até mesmo aumenta. Principalmente quando o casal se concentra na cooperação e no apoio mútuo.
A especialista afirmou que a forma como pais e parceiros lidam com os desafios é muito importante. Eles conseguem se comunicar adequadamente, cooperar e buscar soluções juntos? Trabalhar em cooperação é algo que constrói e fortalece o relacionamento, proporcionando uma sensação de realização.
Questionado sobre como as mulheres podem apoiar os homens na paternidade, o Dr. Janowicz respondeu que a decisão de aumentar a família deve ser tomada em conjunto e que ambas as partes devem se sentir bem com isso. Ele acrescentou que é valioso apoiar a construção de um relacionamento pai-filho já no período pré-natal: incentivando conversas com a barriga, consultas médicas conjuntas, durante as quais o pai pode ver seu filho ou filha em um ultrassom e ouvir os batimentos cardíacos, bem como a participação conjunta em aulas de preparação para o parto.
"Acredito que seja fundamental reconhecer que o pai é tão importante quanto a mãe. Ele não é quem está grávida, nem quem está amamentando, mas o relacionamento com o pai é muito necessário para a criança. Pode ser um pouco diferente, porque todos somos diferentes, mas não é um complemento. Temos muitos estudos, revisões e meta-análises que mostram que a presença, o envolvimento do pai e sua disponibilidade emocional são fatores que têm um impacto positivo no desenvolvimento em todas as áreas-chave da criança: emocional, social e cognitiva, além de reduzir o número e a intensidade de problemas de saúde, tanto físicos quanto mentais", afirmou o Dr. Janowicz.
Ele acrescentou que as mulheres devem compartilhar conhecimentos, observações e experiências, mas também estar abertas à perspectiva, às ideias e às soluções de seus parceiros. Compartilhar responsabilidades é importante – "este é o nosso filho comum, fazemos isso juntos".
Janowicz enfatizou que a qualidade dos relacionamentos deve ser cuidada antes mesmo do nascimento da criança.
"Não é verdade que o nascimento seja um remédio para uma crise num relacionamento — muito pelo contrário. É um grande desafio, uma mudança de vida, que esgota recursos, inclusive emocionais. Acontece que criar e cuidar de um filho alimenta conflitos, rivalidades, culpabilização e desvalorização da própria opinião, o que pode resultar na diminuição da qualidade do relacionamento ou até mesmo no seu rompimento", explicou.
Se ocorrer uma separação – como disse o Dr. Janowicz – ambas as partes devem cooperar em questões relativas à criança, ao seu desenvolvimento e ao apoio ao relacionamento com o outro genitor. Vale a pena cuidar do contato regular, da participação na vida da criança não apenas em ocasiões especiais, com base em brincadeiras e atrações, mas também na vida cotidiana, o que por si só pode ser muito atraente e estimulante para o desenvolvimento.
A criança deve fazer parte do novo lar que o pai criará – sozinho ou com um novo parceiro. O pai – além de contribuir para os custos de manutenção do filho ou filha, também na forma de pensão alimentícia, e participar da tomada de decisões importantes – deve zelar pelo vínculo familiar, estar com a criança, interessar-se por ela, fazer perguntas e ouvir o que ela tem a dizer.
De acordo com o relatório "Pai 2022", elaborado pela Fundação Dajemy Dzieciom Siłę, os pais na Polônia vivem com os filhos (90,1%) e com as mães (86,4%) e são profissionais ativos (89,2%). Aqueles que trabalham passam em média 3,5 horas com os filhos em um dia útil e 5 horas em um dia de folga. As maiores dificuldades na criação dos filhos para eles são: cansaço e falta de tempo para si mesmos (67,2%), falta de paciência com os filhos (31,5%) e divergências com a mãe da criança (22,4%).
Katarzyna Czarnecka (PAP)
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