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"#OvelhaNegra" nos cinemas | "Isso é Berlim, cara?"

"#OvelhaNegra" nos cinemas | "Isso é Berlim, cara?"
Olha, isso é Berlim. Olha, isso é engraçado.

"#SchwarzeSchafe", assim como seu antecessor quase homônimo (sem a hashtag), um autoproclamado filme cult de 2006, poderia ter sido uma comédia pastelão em episódios muito engraçada. Mas comédias são como assar um bolo: se você mudar demais os ingredientes, as quantidades e, principalmente, o tempo, a receita não funciona mais. O resultado é um bolo pálido ou um desastre farinhento. Não há necessidade de recorrer a comparações apropriadas — o novo "#SchwarzeSchafe" fracassa na tela em quase todos os aspectos.

Começa com o material do filme. O diretor suíço Oliver Rihs filmou o original predominantemente em preto e branco sujo. Naturalmente, esse visual de filme de arte era tanto um recurso estilístico genuíno quanto um comentário irônico sobre o que ainda acontecia na capital na época: uma estética garage com altos contrastes. Havia também música garage de King Khan e Black Lips, que, no restaurante White Trash Fast Food, que havia se mudado para Schönhauser Allee, explicavam aos berlinenses quais pirralhos internacionais de classe média com antecedentes de anfetamina eram os donos da cidade. Pelo menos eles ainda estavam suando sem um sistema de reprodução. Mesmo naquela época, eles não pagavam nada ao sistema social atrás do balcão, enquanto seus espectadores perplexos, já irritados com sua devoração cultural canadense-americana, pagavam de bom grado três euros, ou pelo menos dinheiro, por um Plopp-Flensburger de 0,3 litro.

Então agora é tudo colorido e efeitos de computador horrorosos, além de hip hop. Ninguém quer discordar, é assim que as coisas são hoje em dia. Mas, pensando bem, em todo lugar! Embora moradores experientes da capital reconheçam o café em Kottbusser Tor, a loja de brinquedos em Wilmersdorf, a loja sem embalagem na Wiener Straße e o aeroporto decadente, os eventos que se desenrolam aqui se tornaram universais. Em todas as metrópoles, há artistas decadentes, famílias de clãs traficantes de drogas, expatriados, mini-Thunbergs e garotos de programa. "Isso é Berlim, cara?" - Não, não é mais. Isso é todas as grandes cidades europeias. E 20 anos depois, todas as grandes cidades europeias se sentem tão à vontade exibindo essa miséria quanto a Berlim barata já foi. Redes de lojas de departamento e prédios pré-fabricados à beira-mar, custando sete dígitos, foram adicionados, junto com ciclovias. Não se pode culpar o diretor Rihs pelo estado do mundo, mas ele precisa se esforçar um pouco mais na observação se quiser ser pelo menos localmente engraçado.

Mas o filme se baseia em seus absurdos óbvios. O chefe do clã, Omar (Yasin El Harrouk), usa camisas de grife excessivamente justas e dirige um Hummer pelo escritório. É um estilo de vida tradicional em North Neukölln, mas os tempos estão mudando: seu sobrinho Sami (Adrian Kourosh), que deixou de ser um machão uma geração depois, é tão gay quanto seus colegas. A filha de oito anos de Omar, Dalia (Nora Estelle Martha Malachowski), vê os adesivos climáticos em seu iPad e, embora a princesa oriental viva em um paraíso reluzente, percebe que seu pai está roubando seu futuro. Omar cede à pressão dos jovens e quer tornar o clã neutro em termos de clima. Isso é absurdo, claro. Mas não tem graça, mesmo que o riquixá agora circule pelo bairro em vez do Hummer. Igualmente sem graça é a filha fictícia Delphine (Jella Haase), com seus fantoches de gênero de mau gosto, seu irmão fracassado Fritz (Frederick Lau) e as abelhas sob efeito de speed. A continuação da história de amor de Peter e Charlotte é igualmente sem graça. Afinal, quem se lembra da primeira parte o suficiente para captar alguma referência a ela?

Com um sorriso irônico e um ritmo ruim, os absurdos se revelam e se explicam do início ao fim. Olha, estamos em Berlim. Olha, isso é engraçado. Um pequeno exemplo prático: Charlotte descarta a arma do crime na lixeira pública. Ela percebe freneticamente que jogou a pistola no compartimento errado. Em vez de "embalagem", a arma de fogo naturalmente pertence ao "lixo residual". Ela pega o ferro do lixo e o separa corretamente. Boa piada. Mas merece um comentário: "Isso mesmo". Nenhum espectador é tão estúpido, nem mesmo em Berlim, droga.

"#BlackSheep": Alemanha, 2025. Dirigido por Oliver Rihs. Escrito por Oliver Rihs, Ana Cristina Tarpo, Daniel Young, Ziska Riemann, Melanie Möglich, Oliver Keidel. Estrelando: Jella Haase, Yasin El Harrouk, Jule Böwe, Frederick Lau, Milan Peschel, Narges Rashidi e Marc Hosemann. 93 minutos. Agora nos cinemas.

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