Virgínia Fonseca teve contrato de até R$ 64 milhões com casa de apostas; bônus dependia de meta de lucro

Resumo Virgínia Fonseca firmou contrato de até R$ 64 milhões com uma casa de apostas, mas afirmou à CPI que recebeu apenas o valor fixo de R$ 40 milhões, sem bônus por metas de lucro.
O contrato entre a influenciadora Virgínia Fonseca e a casa de apostas Esportes da Sorte previa que ela poderia receber até R$ 64 milhões, somando-se o valor fixo de R$ 40 milhões com um bônus variável de R$ 24 milhões --condicionado a um lucro líquido mínimo de R$ 80 milhões obtido pela empresa a partir de apostas realizadas por usuários que acessassem o site por meio de seu link.
O documento, assinado em dezembro de 2022 e encerrado em maio de 2024, foi obtido com exclusividade pela CPI das Apostas Esportivas, em andamento no Senado Federal, e acessado pela Folha.
Virgínia prestou depoimento à comissão no último dia 13, quando negou ter recebido qualquer valor relacionado a perdas de apostadores, conhecido como "cachê da desgraça alheia". "Era um valor fixo. Se eu dobrasse o lucro [da bet], eu receberia 30% a mais da empresa. Mas isso não chegou a acontecer, então eu não recebi R$ 1 a mais do contrato", disse aos senadores. "E lembrando que esse era um contrato padrão. Na época, com todos os meus outros contratos, com outras empresas, era assim. Não eram só bets."
O texto contratual aponta que, caso o lucro líquido ultrapassasse R$ 80 milhões a partir do link de Virgínia, ela teria direito a 30% desse montante. Apesar de não especificar se o cálculo do lucro se baseava apenas nas perdas dos usuários ou também em depósitos não utilizados, o documento assegura que a influenciadora poderia acompanhar em tempo real os resultados gerados a partir de seu link. Para isso, previa o fornecimento de relatórios contábeis completos e acesso a uma plataforma específica.
Segundo seu advogado, Michel Saliba, Virgínia nunca acessou essas informações. Ela nunca teve 'desconfiança' na relação comercial, razão pela qual jamais solicitou os dados, conforme relatou à CPI. Ainda segundo Saliba, a influenciadora recebeu apenas o valor fixo pelo contrato e os pagamentos podem ser comprovados por notas fiscais e impostos recolhidos.
A remuneração fixa previa 17 parcelas em troca de duas diárias de gravação publicitária e a veiculação mensal de conteúdos no Instagram: seis sequências de três stories com até 15 segundos cada, em estúdio localizado em Goiânia. O acordo envolvia a agência Talismã Digital, da qual Virgínia é sócia ao lado de membros da família do cantor Zé Felipe, com quem anunciou separação na última terça-feira, 27.
Ainda conforme o jornal, a Esportes da Sorte afirma, por nota, que "jamais repassou qualquer valor vinculado a perdas ou resultados de apostadores" e que "todos os valores pagos à referida contratada referem-se, exclusivamente, à contraprestação fixa ajustada pela cessão de direitos de imagem, presença em campanhas publicitárias e divulgação em seus canais de mídia social".
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