Feira do Livro. Moreira com sensação de dever cumprido

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apresentou esta quarta-feira, nos jardins do Palácio de Cristal, a programação da última Feira do Livro da sua presidência com a “sensação de dever cumprido” na área da cultura.
“Fica uma sensação nesta matéria, em particular da cultura, de dever cumprido. E neste caso da Feira do Livro, eu diria um dever improvável, porque, como sabem, quando cá chegámos não havia Feira do Livro“, declarou à margem do evento Rui Moreira, que relembrou o “problema complicadíssimo” com a APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros).
O atual executivo camarário, em funções desde 2013, assumiu a organização da Feira do Livro do Porto em 2014, devido a um diferendo com a APEL quanto aos custos da iniciativa, levando à criação do modelo que se mantém até hoje.
O autarca relembrou que muitas pessoas “achavam que não era possível” uma organização camarária deste evento: “Foi difícil no princípio, foi uma aposta, mas eu acho que foi uma aposta ganha”.
A edição de 2025 da Feira do Livro do Porto vai ser palco de um concerto de Sérgio Godinho, que é também o autor homenageado este ano e que vai apresentar o seu novo livro “Como se não houvesse amanhã”, editado pela Quetzal, no dia 30 de agosto.
B Fachada, Luca Argel, Manel Cruz, Três Tristes Tigres, NAPA e Tomás Wallenstein são alguns dos nomes que vão protagonizar outros momentos musicais entre 22 de agosto e 7 de setembro.
Nos jardins do Palácio do Cristal, haverá ainda ciclos de poesia, leituras encenadas e conversas onde se destacam nomes como os de João Luís Barreto Guimarães, Joana Gama, Lídia Jorge, António Brito Guterres e Sérgio Almeida, numa edição que quis também reforçar as atividades infantojuvenis.
Entre as iniciativas contam-se as apresentações de livros como “Opinião Pública e Propaganda — Os princípios da comunicação segundo Ivy Lee”, do antigo chefe de gabinete de Rui Moreira, Vasco Ribeiro. A 3 de setembro é a vez de “Ambição: Impostos Mais Simples, Melhor Economia”, de Álvaro Beleza e Carlos Francisco Alves. Por fim, a 7 de setembro terá palco “A Última Lição de José Gil”, de Marta Pais Oliveira.
João Gesta, responsável pela programação, elogiou que a Feira do Livro do Porto seja hoje uma iniciativa “aberta à participação de todos aqueles que dedicam ao livro e à palavra” e considerou que foi construído “um festival literário contagiante, assente numa programação rica e vibrante, contando com a cumplicidade e o gesto exato e certeiro de centenas de sonhadores espacializados”.
Para Rui Moreira, é “reconfortante” ver como evoluiu o modelo adotado em 2014 e que conseguiu “um bom equilíbrio entre a componente promocional e comercial do livro e a sua componente disruptiva“.
“Se me é permitida uma nota pessoal, dou por encerrada a minha intervenção na Feira do Livro da melhor maneira. Concluo o meu ciclo de poder autárquico com a feira perfeitamente enraizada na vida da cidade e com a homenagem a um autor que muito admiro”, partilhou.
Numa referência ao local onde se realiza a Feira do Livro do Porto e à iniciativa de dar o nome de cada autor homenageado anualmente a uma tília, Francisco José Viegas, comissário da homenagem a Sérgio Godinho e editor da Quetzal, afirmou acreditar que “nenhuma outra cidade ama assim as suas árvores e nenhuma lhe junta tantos livros”.
“Haverá um extenso programa e ainda mais, haverá árvores, haverá livros, haverá debates, conversas, confrontos, haverá anúncios de romances, haverá versos, concertos, passeios, lançamentos, um lugar para nos sentarmos na relva e tudo isto ao pé da nossa querida Biblioteca Almeida Garrett”, declarou.
À margem do evento, Sérgio Godinho partilhou que esta é uma homenagem que “significa muito” para si enquanto portuense e mostrou-se feliz por “voltar a habitar com música” os jardins do Palácio de Cristal, que diz tão bem conhecer.
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