Tolerância zero para agressões contra médicos

Ontem, 26 de agosto de 2025, a Câmara Médica Distrital de Varsóvia lançou a campanha social "Tolerância Zero à Agressão" e abordou o problema sistematicamente. A agressão contra profissionais de saúde não pode ser o "novo normal". A Câmara solicitou mudanças paralelas na legislação, nos procedimentos e na prática clínica. Durante o painel "Médico Seguro", três direções principais foram identificadas: proteção jurídica mais forte, procedimentos simplificados e prevenção baseada em dados. A segurança da equipe médica está em jogo, e o objetivo é a inevitabilidade da resposta a cada incidente e o apoio institucional aos profissionais de saúde para denunciá-los.
Durante a abertura da conferência, uma declaração importante foi feita pelo Dr. Łukasz Jankowski, Presidente do Conselho Médico Supremo, que deu o tom de todo o debate.
Qualquer um que bata, qualquer um que ataque, qualquer um que demonstre agressividade não está mais certo. Tolerância zero para agressões.
O presidente da NRL destacou que o problema não começa no escritório, mas muito antes, na cultura de debate e nos comportamentos que normalizam socialmente o abuso verbal.
A agressão começa muito antes do que no consultório médico ou no pronto-socorro: na escola, na internet, com ódio e vulgaridade.
Os dados citados na discussão mostram que esse fenômeno não é acidental: a agressão verbal afeta quase todos os profissionais médicos, e a agressão física, cerca de um quinto. Na prática, é uma ocorrência diária para equipes de plantão. As experiências dos enfermeiros confirmam esse diagnóstico e expõem deficiências organizacionais nas instituições.
Nos últimos anos, a escalada tem aumentado; não passa uma semana sem um incidente significativo. O que mais me preocupa é que muitas instituições não possuem procedimentos. Como devemos proceder passo a passo? – confirmou Anna Dudzińska, presidente do Conselho Distrital da Câmara de Enfermeiros e Parteiras de Varsóvia.
O debate foi além da simples descrição do problema. Três pilares de mudança nas áreas de direito, procedimentos e prevenção foram definidos e incorporados em propostas específicas.
O Ministério da Justiça lembrou que os profissionais de saúde já contam com a mesma proteção que os servidores públicos no exercício de suas funções. Isso também se aplica aos consultórios particulares . A emenda visa fortalecer e acelerar a resposta do Estado.
Médicos, enfermeiros e paramédicos desfrutam da mesma proteção que os funcionários públicos ao desempenhar suas funções profissionais, mesmo fora das instalações médicas, confirmou Jacek Lachowicz, do Departamento de Direito Penal do Ministério da Justiça.
A mudança mais importante é um novo tipo de crime para um ataque com ameaça direta à saúde ou à vida e sanções mais duras para perturbar a ordem nas instituições.
O projeto de lei introduz um novo tipo de crime: um ataque que represente uma ameaça direta à saúde ou à vida de profissionais de saúde será punível com até cinco anos de prisão. Perturbar a tranquilidade em uma unidade médica será considerado uma contravenção, com multa mínima de PLN 1.000, procedimento acelerado e possibilidade de publicação da sentença, esclareceu o painelista.
Um representante do Ministério Público enfatizou que a proteção real está em vigor desde o limite mínimo de violação, desde que o incidente seja relatado. A emenda só faz sentido quando hospitais e clínicas aprenderem a ativá-la automaticamente, sem sobrecarregar o médico lesado com burocracia.
"A violação da inviolabilidade começa com o apertar ou arrancar de um botão; o insulto é processado no Ministério Público ", enfatizou Małgorzata Szeroczyńska, procuradora-adjunta do distrito de Varsóvia.
É inaceitável que um médico se preocupe com a própria segurança ao salvar uma vida. Vamos denunciar qualquer agressão. Não vamos criar um número falso", instou o Inspetor Dariusz Walichnowski, Comandante da Polícia de Varsóvia.
A tese mais forte do painel diz respeito a uma mudança de paradigma na notificação de incidentes de agressão. Todos os painelistas concordam que uma mudança é necessária. Profissionais médicos devem ser representados por uma instituição em tais situações.
"É o hospital que denuncia a agressão. Eles têm um registro e assumem a responsabilidade. Como médico ou enfermeiro, eu presto meu depoimento, e então a instituição me representa ", argumentou o Dr. Łukasz Jankowski em nome dos médicos.
Na prática, um conjunto de ferramentas simples, mas executáveis, é necessário em cada instalação: contatos permanentes com a polícia e o promotor de plantão, modelos de notas, uma lista de verificação do EDM, um "botão de pânico", treinamento em redução de tensão e proteção de evidências, e um registro de incidentes com revisões regulares.
Lançamos a aba "Médico Seguro", onde, em colaboração com a polícia e o Ministério Público, publicamos procedimentos simples: o que fazer em caso de agressão. "É hora de deixar claro: a violência contra profissionais de saúde é inaceitável", explicou Artur Drobniak, médico e presidente do Centro Médico Regional de Varsóvia.
Somente a institucionalização da denúncia de casos de agressão transforma o slogan "tolerância zero" em um ritual organizacional, igual noite e dia, no pronto-socorro e no consultório particular.
O debate tem se concentrado fortemente no sistema PRM. Os riscos são frequentemente identificados pelo despachante, e é aqui que minutos valiosos podem ser obtidos, aumentando a segurança dos médicos.
A agressão começa no nível do despachante. Precisamos sinalizar endereços e números, considerar o envio de policiais em paralelo e realizar treinamento conjunto. Temos um enorme banco de dados de conversas em centros de despacho. A inteligência artificial pode auxiliar na análise de sinais de ameaça", sugeriu Mariusz Frankowski, Voivode da Voivodia da Mazóvia.
Durante o debate, foi fortemente enfatizado que alguns perpetradores estão sob a influência de substâncias psicoativas ou álcool. Isso não elimina a responsabilidade criminal, mas transfere o ônus da ação para a prevenção precoce e de longo prazo.
Estar sob a influência de álcool ou substâncias psicoativas não isenta ninguém de responsabilidade. Não vamos simplesmente acenar, vamos denunciar. A violência é frequentemente uma tentativa de retomar o controle. A prevenção requer ajuda psiquiátrica amplamente disponível e terapia para dependência química", instou o especialista.
A prevenção não é um cartaz, mas um sistema: sinalização de riscos, análise de chamadas dos números de emergência 112/999, cenários para viagens de serviço combinadas, caminhos rápidos para apoio psiquiátrico e tratamento de dependência.
Além dos procedimentos, a elaboração de relatórios é crucial. A profissão médica exige dados concretos e comparáveis. Não pesquisas, mas registros de incidentes.
"Em primeiro lugar, vamos manter registros de agressões na área da saúde e ter dados precisos e registrados. Esta é a primeira conclusão: vamos descrever o fenômeno por meio de dados", enfatizou o Dr. Łukasz Jankowski.
Somente um registro abrangendo, entre outras coisas, o número de incidentes, a porcentagem de casos encaminhados às agências de segurança pública, o tempo médio de resposta e o apoio às vítimas permitirá discussões sobre o financiamento da proteção do pessoal médico contra agressões.
Os sindicalistas acrescentam que a introdução de mudanças reais é complementada pela tecnologia: a integração de relatórios médicos com o sistema de comando da polícia.
Os procedimentos de notificação de incidentes devem ser simplificados para eliminar obstáculos formais. Não é como se esse fosse o destino da nossa profissão e tivéssemos que suportá-lo. Não. Deve haver tolerância zero para a violência. Todo incidente, incluindo abuso verbal, deve ser relatado", apelou o Dr. Joachim Budny, do Sindicato Nacional dos Médicos.
Conectar instalações ao Sistema de Apoio ao Comando da Polícia encurta o processo de denúncia, reduz a discrição e aumenta a inevitabilidade de uma resposta, tendo, portanto, um efeito preventivo real.
A conclusão foi clara: não se trata apenas de leis mais rígidas, mas de garantir que cada palavra de ódio e cada ato desencadeie o mesmo mecanismo de resposta repetível, desde a proteção do local, passando pela denúncia por uma instituição, até o apoio à vítima e a imposição de consequências ao agressor.
Só então a "tolerância zero" deixa de ser um slogan e se torna um padrão organizacional que protege tanto o médico quanto o paciente.
É hora de deixar claro: não há consentimento para violência contra profissionais médicos, enfatizou o Dr. Artur Drobniak.
Atualizado: 27/08/2025 08:43
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