Especialista: Precisamos sentir nojo, ele nos protege do consumo de alimentos nocivos

Embora a qualidade dos alimentos tenha melhorado significativamente ao longo dos séculos, o nojo, que protege contra o consumo de alimentos potencialmente prejudiciais, é tão necessário agora quanto era no passado, disse a Dra. Magdalena Tomaszewska-Bolałek, pesquisadora da Universidade SWPS, à PAP.
Arenque fermentado, escorpiões ou formigas fritos e ovos centenários são pratos exóticos para nós, mas frequentemente encontrados em viagens internacionais. As férias são ótimas para essas experiências culinárias e para explorar outros países através de pratos tradicionais. No entanto, para experimentá-los, muitas vezes precisamos superar o medo ou até mesmo a relutância.
"Hoje, somos incentivados a experimentar novos sabores quando viajamos. Vale lembrar que certas reações podem ser causadas por nossos corpos nos alertando contra certos produtos", disse à PAP a Dra. Magdalena Tomaszewska-Bolałek, pesquisadora de cultura culinária e chefe de Estudos de Alimentos da Universidade SWPS.
Ela nos lembrou que a repulsa tem raízes multifacetadas, incluindo fatores evolutivos. "A repulsa nos protege do consumo de alimentos que podem ser prejudiciais. Precisamos dela hoje tanto quanto no passado. Ao longo dos séculos, a qualidade dos alimentos melhorou significativamente, mas sua avaliação organoléptica ainda pode nos proteger de intoxicações", acrescentou.
Na grande maioria dos casos, contudo, a aversão à comida de outra cultura tem uma base cultural.
"Sentimos aversão a insetos, cobras e sapos porque fomos criados com a crença de que essas coisas não devem ser comidas. Desde cedo, certos valores nos são incutidos. Por exemplo, na Polônia, os insetos são considerados repugnantes em termos culinários, o que descobrimos rapidamente quando discutimos a introdução de proteína de inseto em nossa dieta. Vale a pena superar esse medo? Cada um precisa responder a essa pergunta por si mesmo. Não consigo imaginar uma viagem sem experimentar a culinária local", acrescentou.
O desenvolvimento do olfato e do paladar é influenciado por fatores genéticos, psicológicos e culturais.
Como o especialista nos lembrou, as papilas gustativas começam a se desenvolver no útero. A percepção de sabores e cheiros muda com o tempo e sob a influência de diversas condições.
"Os bebês podem sentir o gosto amargo e doce desde o nascimento, e a percepção do umami começa por volta do sétimo dia após o nascimento. Isso se deve ao fato de que, quando o recém-nascido tem cerca de sete dias de vida, o ácido glutâmico está presente no leite materno, o que nos permite experimentar esse quinto sabor. Infelizmente, nossos sentidos também enfraquecem com a idade, e é por isso que os idosos abusam do sal", explicou a Dra. Tomaszewska-Bolałek.
Também é possível não sentir nojo devido a danos cerebrais ou outros distúrbios. Além disso, como explicou o especialista, lesões nas cavidades oral e nasal, doenças neurodegenerativas, câncer ou até mesmo a COVID-19, ou exposição a produtos químicos também influenciam a forma como percebemos sabores e cheiros. A questão de experimentar alimentos diferentes e desenvolver o paladar também é importante.
O gosto amargo está ligado à predisposição genética. A psicóloga americana Linda Bartoshuk dividiu a população humana em três grupos: superdegustadores, degustadores normais e não degustadores. "No entanto, não estamos falando de sofisticação culinária aqui, mas sim de sensibilidade ao gosto amargo. Pessoas classificadas como superdegustadores não gostam de alimentos muito amargos, como cerveja, chá verde ou toranja", descreveu a Dra. Tomaszewska-Bolałek.
A aversão ao amargo também pode advir do fato de que instintivamente associamos o amargo a algo prejudicial. Muitas plantas venenosas têm sabor amargo. O doce, por outro lado, é uma recompensa e algo agradável, pois os sabores também são culturalmente valorizados. "Muitas pessoas provavelmente já ouviram a frase: 'Seja bom e você receberá algo doce'", observou a pesquisadora.
Ewelina Krajczyńska-Wujec (PAP)
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