Os tesouros de Gianfranco Ferré sob leilão

O que Pénélope Blanckaert, especialista em roupas vintage que trabalhou na Artcurial e na Christie's, adora são guarda-roupas que contam uma história passada, um designer mais ou menos esquecido. Foi esse o entusiasmo que ela sentiu ao descobrir o guarda-roupa de um antigo amigo de Gianfranco Ferré, o imponente costureiro italiano que chefiou a Dior de 1989 a 1996. "Gianfranco Ferré é um pouco como o 'Jonathan Anderson' de sua época", explica ela. "Ele tinha o mesmo espírito intelectual. A imprensa descrevia essas roupas como obras de arte, obras de arte vestíveis."

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Apelidado de arquiteto da moda, Gianfranco Ferré, que estudou no Politécnico de Milão, quase foi esquecido na história da moda, pelo menos nas redes sociais. No entanto, ele realmente deixou sua marca na alta-costura dos anos 1990 com seus volumes grandiosos, bordados meticulosos, punhos exagerados, costas esculpidas e gosto por douramento. Um estilo barroco com linhas precisas que se harmonizaria perfeitamente com a elegância do século ^XVIII da Maison Dior, onde foi nomeado diretor artístico após a saída de Marc Bohan, e que, por sua vez, seria demitido quando um jovem John Galliano foi empossado.

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"Um certo historicismo emana de suas criações", confidencia Pénélope Blanckaert. "Dá para sentir seu amor pela arquitetura italiana, mas também um tropismo oriental. Mas atenção, não se parece em nada com Gianni Versace. Ele tinha essa sensualidade intelectual, majestosa e até distante. Por exemplo, ele trabalhava mais nas costas do que nos decotes de seus vestidos, muitas vezes longos. Suas coleções são únicas, ornamentadas, elaboradas e, sem dúvida, menos fáceis de combinar. No entanto, são precisamente magníficas, contrastadas com os básicos do guarda-roupa atual." No total, 230 peças selecionadas para integrar-se ao guarda-roupa da mulher ativa e elegante de hoje. Ternos de lã seca notavelmente modernos, conjuntos esportivos chiques de jersey, conjuntos de coquetel em estilo japonês e vestidos de noite com costas esculpidas, cujos orçamentos são mais do que acessíveis (alguns preços iniciais chegam a 40 euros). Todos disponíveis para leilão no site de Penélope até 9 de julho.

"Esta venda é inédita", confidencia Pénélope Blanckaert. "É um risco real oferecer isso em mercados que não têm grande visibilidade. Daí os preços acessíveis. A ideia também é incentivar a nova geração a se aventurar em leilões. É uma experiência de compra única, com um toque de diversão que você não encontrará em nenhum outro lugar. É claro que, para cobrir nossas necessidades, também estamos oferecendo clássicos como bolsas Kellys e Chanel. Quem sabe, talvez alguns se interessem por Ferré." Para os mais curiosos, uma seleção das peças será apresentada de 5 a 8 de julho na galeria Charles Zana, em Paris.