O bestiário de Orlinski toma as ruas de Saint-Raphaël durante o verão

Ele se ergue majestosamente em frente à roda-gigante na esplanada de Delayen: um gorila vermelho multifacetado. Durante todo o verão, Saint-Raphaël abriga obras de Richard Orlinski, espalhadas pela cidade. Um bestiário a céu aberto. Aqui, o famoso gorila, ali, o crocodilo, ou mesmo, a uma curta distância, um elefante ou um urso polar. Obras acessíveis a todos, gratuitamente. O suficiente para satisfazer o artista. "É algo que sempre me fascinou: poder levar o museu às pessoas. Aqui, tudo é gratuito. Todos ficam felizes, há interações reais. Dá até para ver as crianças alimentando os animais", diz o escultor, animado.
Levando a arte ao públicoEle continua: "Algumas pessoas ainda têm relutância em entrar em museus, achando que não é para elas. E alguns estabelecimentos também têm um custo." A democratização da arte, segundo ele, vem desse desejo de "quebrar códigos e apresentar emoções artísticas às gerações mais jovens".
Entre os artistas franceses mais conceituados na França e internacionalmente, Richard Orlinski defende uma arte "imediatamente legível. Algo fácil, talvez até demais para alguns... mas que, em todo caso, permite ser acessível. Crio para os outros, com a ideia de gerar emoção". E azar se isso desagrada. Como preço do sucesso, ele continua controverso, com alguns criticando a simplicidade de sua obra. "Tive a sorte de colaborar — não enquanto ele estava vivo — com François Pompon. Ele também foi muito criticado em sua época; dizia-se que suas formas suaves eram simplistas demais. Mas, tecnicamente, é mais complicado criar facetas e formas refinadas do que reproduzir algo fiel ao original. As críticas não me afetam."
O bestiário icônicoNas ruas de Saint-Raphaël, sete criações são apresentadas: animais. "Trabalhamos com as equipes da cidade para chegar a um acordo, para encontrar os locais e as peças que fizessem mais sentido." Esta série de animais simboliza uma parte importante da obra de Orlinski. Há também o crocodilo, sua primeira obra. "Sempre fiz animais. Desde o jardim de infância, fazia elefantes e hipopótamos de argila. Todos nós sempre amamos animais, seja em desenhos animados, visitas ao zoológico ou nos personagens com os quais brincamos. Os animais estão muito presentes em nosso imaginário."
Entre suas produções, a mais icônica é, sem dúvida, o gorila vermelho, exposto em Saint-Raphaël. "É uma obra emblemática, porque permite transmitir o que se quiser. O gorila é inspirado no dorso prateado, uma espécie em extinção. É muito próximo de nós, com um DNA comum de 98,47%. Essa semelhança permite uma forma de projeção." Como frequentemente acontece em sua obra, a cor desempenha um papel central – especialmente o vermelho, que marcou seu início. " Para mim, é uma cor que representa a vida, a emoção. As esculturas são naturezas-mortas; você pode dar vida a elas com a cor, dar-lhes expressões. O vermelho é muito particular, muito vivo. Também pode evocar sangue." As cores, em geral, permitem que ele traga "alegria, positividade, a um mundo que é bastante cinza". O suficiente para alegrar um pouco mais Saint-Raphaël neste período de verão.
Regular na regiãoO nome de Orlinski é frequentemente associado ao sul da França. Às vezes, para além do contexto puramente artístico, como o demonstram as buscas realizadas em março passado na prefeitura de Nice e nos escritórios do artista, como parte de uma investigação sobre presentes dados a um político. Réplicas "sem valor comercial", como ele sempre afirmou. Mas, além disso, ele cultiva um verdadeiro apego à região. "É uma região linda, uma joia da França. Estou começando a desenvolver meus hábitos. No verão, navego ao longo da costa. Gosto de passar pelo Estérel. Entre Saint-Tropez e Mônaco, tenho algumas paradas obrigatórias. Sempre há descobertas." Em Saint-Raphaël, a colaboração poderia ir além desta única exposição. O artista e os políticos prometeram, durante a abertura na noite de terça-feira, trabalhar juntos novamente no futuro. A data já está definida.
Richard Orlinski em Saint-Raphaël até 21 de setembro. Exposição ao ar livre gratuita.
Nice Matin