Longwy. Emprestando sua voz ao filho autista: a história de David Chessa

David Chessa lembra-se dos primeiros anos de escola do filho Gatien. As birras, a incompreensão, o hospital-dia que não foi suficiente. "Ele teve dificuldades de adaptação", resume. A ideia de procurar outro lugar logo se tornou clara. Na Bélgica, ele encontrou apoio adequado. Desde o primeiro ano, ele e a companheira percorreram 240 quilômetros todos os dias para que o filho pudesse se beneficiar. "Depois de um ano, decidimos nos mudar para Gorcy, a dez minutos da fronteira", explica o pai.
Hoje, o adolescente frequenta a escola em Arlon. Seu pai, por sua vez, continua a viagem todas as manhãs para Thionville, onde leciona. Um trajeto diário, que ele aceita sem hesitar. "Podemos pagar, temos dois salários. Mas confiar nosso filho a um taxista desconhecido? Impossível", garante o professor.
Para o aniversário de 18 anos de Gatien, David Chessa quer comemorar a ocasião. Escrever, contar sua história. O livro, intitulado "Lend Me Your Voice" (Empreste-me sua voz), imagina os sentimentos do filho, desde a vida no útero até as emoções, às vezes avassaladoras, que o fazem tapar os ouvidos. "Ele foi concebido em um navio de cruzeiro da Disney; toda a sua vida está ligada a este universo: Mickey, Woody...", explica David Chessa.
Sem editora. Publicado em cerca de vinte exemplares por uma gráfica local, o texto era destinado principalmente a amigos e familiares. "Sem número ISBN, sem distribuição. É um presente, não um produto." Publicado online, já alcançou leitores estrangeiros.
A experiência de David Chessa com a educação inclusiva deixa um gosto amargo na boca. "Uma AVS (Agência de Assistência Social) fez mais mal do que bem. Não era a solução para o meu filho", observa o pai. A Bélgica, no entanto, ofereceu outro caminho, à custa de sacrifícios financeiros e logísticos.
Mas, ao longo das páginas, não há nenhuma reclamação. "Quero dar esperança", ele insiste. Gatien já navegou em um catamarã, dormiu na selva e embarcou em uma canoa no Brasil. "Não estabelecemos limites. Queremos que ele viva", diz David, que está considerando compartilhar sua história "poética" com o maior número de pessoas possível.
Le Républicain Lorrain