Gaza: A ONU e a solução de dois Estados, israelita e palestiniana, uma história com mais de 75 anos

Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da ONU adotou a Resolução 181 sobre a partilha da Palestina, então sob mandato britânico, e a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, com Jerusalém tendo status internacional. Os Estados árabes e os palestinos se opuseram. O movimento sionista a aceitou.
Em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel foi proclamado. Os exércitos árabes entraram em guerra contra esse novo Estado, que obteve uma vitória esmagadora em 1949.
Mais de 760.000 palestinos foram forçados ao exílio: esta foi a "Nakba" ("catástrofe"), oficialmente comemorada pela primeira vez na ONU em maio de 2023.
Em 1967, a Resolução 242 do Conselho de Segurança lançou as bases para uma paz justa e duradoura, mas introduziu ambiguidade entre as diferentes versões linguísticas. Por exemplo, ela pedia a "retirada" das forças armadas israelenses "dos" Territórios Ocupados (versão em inglês) ou "dos" Territórios Ocupados (versão em francês) durante o conflito recente.
Em 13 de novembro de 1974, Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), fundada dez anos antes, proferiu seu primeiro discurso na tribuna da ONU, onde compareceu portando um ramo de oliveira e uma pistola. Poucos dias depois, no dia 22, a Assembleia Geral reconheceu o direito dos palestinos à autodeterminação e à independência e concedeu à OLP o status de observador.
O processo de Oslo, sem a ONUO principal passo em direção à paz não veio da ONU. Em 1993, Israel e a OLP, que havia proclamado o "Estado Palestino independente" em 1988, concluíram negociações secretas em Oslo e assinaram uma declaração de princípios sobre a autonomia palestina em Washington. Em 1994, Yasser Arafat retornou aos Territórios Palestinos após 27 anos de exílio e estabeleceu a Autoridade Palestina.
As decisões do Conselho de Segurança sobre a questão palestina dependem em grande parte da posição americana.
Desde 1970, os Estados Unidos usaram seu poder de veto quase 40 vezes para proteger seu aliado israelense. Mas, às vezes, permitem a aprovação de resoluções importantes. Assim, em 12 de março de 2002, por iniciativa dos Estados Unidos, o Conselho adotou a Resolução 1397, a primeira a mencionar um "Estado" palestino existindo ao lado de Israel dentro de fronteiras seguras e reconhecidas.
Em dezembro de 2016, pela primeira vez desde 1979, o Conselho apelou a Israel para que cessasse as atividades de assentamento nos territórios palestinos. Essa adoção foi possível graças à abstenção americana, poucas semanas antes do fim do mandato do presidente Barack Obama.
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 e as represálias israelenses em Gaza, os Estados Unidos multiplicaram seus vetos, com algumas exceções.
Em 2011, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, iniciou o processo de solicitação de "adesão do Estado da Palestina às Nações Unidas", o que exigia uma recomendação positiva do Conselho de Segurança e, em seguida, um voto favorável da Assembleia Geral. Diante da oposição dos Estados Unidos, o processo foi interrompido antes mesmo que uma votação no Conselho pudesse ocorrer. No ano seguinte, a Assembleia Geral concedeu aos palestinos um status inferior, o de "Estado observador não membro".
Em abril de 2024, os palestinos relançaram sua tentativa de se tornar um estado-membro pleno, mas os Estados Unidos vetaram.
Se o pedido palestino tivesse passado pelo Conselho de Segurança, teria todas as chances de ser aprovado pela maioria necessária de dois terços na Assembleia. Pelo menos 142 dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem unilateralmente um Estado palestino.
SudOuest