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Febre amarela no país: documento divulgado com principais recomendações para aprimorar o tratamento da doença

Febre amarela no país: documento divulgado com principais recomendações para aprimorar o tratamento da doença
A Colômbia enfrenta um dos surtos mais graves de febre amarela em décadas. Desde o final de 2024, mais de 100 casos e 44 mortes foram confirmados, com uma taxa de letalidade alarmante de 40% em algumas regiões do país, especialmente na zona rural de Tolima. O vírus reapareceu fora de suas áreas endêmicas tradicionais, atingindo regiões andinas com baixa cobertura vacinal. Esse cenário, agravado pelas mudanças climáticas e pelo desmatamento, levou a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a emitir múltiplos alertas epidemiológicos urgentes.
“Estamos observando transmissão ativa na selva, sem evidências de casos urbanos até o momento, mas a situação é crítica”, alerta um epidemiologista do Hospital Federico Lleras Acosta, um centro de referência regional. Nesse hospital, 43 pacientes foram tratados, a maioria homens adultos que trabalhavam em atividades ao ar livre, como agricultura ou pesca. Quase todos apresentaram sintomas graves, como febre, icterícia, fadiga extrema e hepatite viral aguda. Um terço deles morreu.

Em 2024, um total de 154.028 usuários foram vacinados contra a febre amarela. Foto: Secretaria Distrital de Saúde de Bogotá

Diante desta crise, a Universidade de La Sabana assumiu um papel de liderança no estudo da situação e no desenvolvimento de possíveis ações. Por meio do Centro de Ciência Translacional da Unisabana (UCTS), sob a direção do Dr. Luis Felipe Reyes — especialista em terapia intensiva, renomado professor de doenças infecciosas, pesquisador sênior e líder científico do centro —, foi coordenado o desenvolvimento do primeiro consenso nacional para o manejo de pacientes com febre amarela grave.
Este documento, publicado no The Lancet Regional Health – Américas, representa um avanço fundamental na padronização do atendimento em unidades de terapia intensiva durante este surto. O consenso foi desenvolvido em colaboração com a Associação Colombiana de Doenças Infecciosas (ACIN), garantindo seu respaldo científico e clínico. Também foi liderado pelos Drs. Alex Julián Forero e Jeison Andrés Morales, ambos graduados da residência em Terapia Intensiva da Universidade de La Sabana.
Destaca-se também a participação ativa dos atuais residentes do programa de terapia intensiva da Universidade de La Sabana. Eles integraram o painel de especialistas e contribuíram para a análise de evidências e a formulação de recomendações, em um exercício exemplar de treinamento acadêmico aplicado a uma emergência real.
Este consenso inclui diretrizes práticas para o tratamento abrangente de pacientes com febre amarela grave: ressuscitação hemodinâmica guiada por ultrassom, uso precoce de medicamentos que aumentam a pressão arterial (vasopressores), tratamento da encefalopatia hepática (procedimento no qual o sangue do paciente é coletado, o plasma é separado de seus componentes celulares e, em seguida, os componentes celulares são devolvidos ao paciente, geralmente misturados com uma solução de reposição de plasma), terapias de substituição renal, bem como estratégias para mitigar complicações hematológicas, neurológicas e respiratórias.
As recomendações foram desenvolvidas usando a metodologia Grade e o processo Delphi, adaptadas ao contexto colombiano e projetadas para maximizar a sobrevivência em cenários clínicos desafiadores.

Existem três tipos de mosquitos que podem transmiti-la. Foto: iStock

Tratamento da febre amarela
A coexistência de mosquitos silvestres (como Haemagogus e Sabethes) com vetores urbanos, como Aedes aegypti e Aedes albopictus, agrava a situação da febre amarela. Segundo dados oficiais, 73% do território colombiano está em risco de transmissão. Isso se deve à alta mobilidade populacional, ao desmatamento e às mudanças climáticas, razão pela qual as autoridades de saúde consideram a imunização ou a cobertura vacinal essencial.
Os sintomas da doença são caracterizados por febre muito alta, fraqueza ou fadiga extrema, náuseas, vômitos, dor abdominal e alteração na cor da pele (amarelamento). Os pacientes também podem apresentar sangramento ativo através de membranas mucosas, como a boca, e até mesmo sangue na urina. As fezes podem ficar escuras e podem ocorrer alterações neurológicas. Se esses sintomas ocorrerem, recomenda-se consultar um médico imediatamente.

Tolima é uma das áreas do país mais afetadas pela doença. Foto: Gabinete do Governador de Tolima

Além disso, em resposta à emergência, os especialistas da UCTS propõem uma resposta abrangente que combina ações imediatas e sustentadas:
  • Campanhas de vacinação massivas e gratuitas, especialmente em áreas de alto risco e corredores ecológicos.
  • Adaptação de protocolos clínicos para melhorar o atendimento de casos graves em áreas rurais e hospitais terciários.
  • Aumento da vigilância epidemiológica, controle de vetores e educação da comunidade para incentivar a consulta precoce.
Pesquisas em tempo real, por meio de plataformas como o ISARIC — que já coleta dados clínicos de pacientes para melhor compreender a progressão da doença — são essenciais para lidar com esses surtos. Nesse sentido, Reyes apela aos colegas e profissionais de saúde que estão tratando os casos: "Pedimos a colaboração de vocês para obter uma caracterização adequada dos pacientes. Recomendamos que entrem em contato com a UCTS pelo e-mail [email protected] para obter informações, identificar rapidamente as necessidades e estabelecer um plano de ação para evitar que esses tipos de surtos saiam do controle", conclui.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo

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