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A Rota das Asas: a iniciativa pioneira que busca proteger morcegos na Colômbia

A Rota das Asas: a iniciativa pioneira que busca proteger morcegos na Colômbia
No coração do Corredor Cárstico do Leste de Antioquia, está sendo desenvolvida uma das estratégias de conservação mais inovadoras da América Latina. Esta é a 'Rota das Asas', uma iniciativa que busca proteger o Saccopteryx antioquensis , comumente conhecido como morcego-asa-sagrado-de-antioquia, uma espécie endêmica em perigo crítico de extinção.

O projeto 'Rota das Asas' está localizado no Corredor Carstico da Antioquia Oriental. Foto: Mauricio Cardona Ramírez

Este projeto pioneiro articula os esforços de especialistas, comunidades e empresas para proteger a biodiversidade por meio de Bancos de Habitat, um modelo que permite a restauração de ecossistemas estratégicos e compensa impactos ambientais, tanto de forma obrigatória quanto voluntária.
A iniciativa envolve a Bat Conservation International, o Programa Colombiano de Conservação de Morcegos, o Grupo de Mammalogia da Universidade de Antioquia, Terrasos, a Universidade de Rosário e o Cuántico Global Eco Service.
"Por que o Saccopteryx Antioquensis é importante para nós? Além de ser uma espécie emblemática do país, uma espécie única em nosso território, é endêmica da Colômbia. Se a perdermos, perderemos patrimônio natural. Essa espécie se alimenta de insetos e, se o número de morcegos insetívoros diminuir, o número de mosquitos em uma área pode aumentar, o que traz consigo outros problemas de saúde pública, como febres tropicais", afirma Jefferson Sánchez Castrillón, pesquisador principal do projeto.
O esquema é simples: os Bancos de Habitat são áreas protegidas e gerenciadas em longo prazo para compensar impactos ambientais causados ​​por projetos de desenvolvimento ou por qualquer ator que busque contribuir para a conservação e restauração da natureza.
Este modelo, criado pela empresa colombiana Terrasos, permite restaurar e conservar esses espaços de forma técnica e financeiramente sustentável, criando refúgios seguros para espécies como morcegos e promovendo a recuperação de ecossistemas inteiros.

Saccopteryx antioquensis é endêmico da Colômbia. Foto: Mauricio Cardona Ramírez

Esses espaços, ao preservar áreas onde vivem os morcegos, também ajudam a preservar outras espécies que habitam a área. Basicamente, as áreas se tornam zonas de conservação obrigatória, sem serem, no papel, uma área protegida como um parque natural. E funcionam graças ao financiamento de empresas ou organizações que buscam contribuir para a proteção da biodiversidade por meio desse mecanismo.
“Os Bancos de Habitat oferecem uma opção de conservação eficiente porque integram preservação e restauração ecológicas com mecanismos econômicos sustentáveis. Diferentemente de outras estratégias de conservação, os Bancos de Habitat são estabelecidos como um projeto que garante ganhos quantificáveis ​​em biodiversidade, bem como garantias financeiras, jurídicas e técnicas que asseguram sustentabilidade e permanência”, afirma Alejandra Cárdenas, líder de estruturação de Bancos na Terrasos.
Além disso, esses Bancos de Habitat, que não são um modelo novo, mas já existem há algum tempo, podem beneficiar diversas espécies em diferentes ecossistemas. Na Orinoquia, por exemplo, animais como a lontra, o cateto e o urso-de-óculos são protegidos; em Cundinamarca, a jaguatirica e o periquito-de-testa-vermelha; e em Antioquia, a jaguatirica e o urso-de-óculos.
O modelo inclui quatro fases principais: avaliação participativa, engajamento com as partes interessadas, estruturação do Banco e monitoramento dos resultados. Nesse sentido, seu sucesso depende de fortes alianças entre comunidades, governos, empresas e academia.
A área escolhida
Embora os morcegos não sejam conhecidos por gerar empatia, eles são essenciais para os ecossistemas, e a destruição de seu habitat pode representar riscos à saúde humana. Se degradarmos seus ecossistemas, poderemos enfrentar aumento de pragas agrícolas, redução da regeneração natural das florestas e desequilíbrios ecológicos que afetam a segurança alimentar e a saúde humana. Além disso, algumas espécies podem ser forçadas a se mudar para ambientes urbanos, aumentando os conflitos entre a vida selvagem e as pessoas.
Portanto, para estabelecer o melhor ecossistema possível para o Saccopteryx antioquensis, os pesquisadores usaram gravadores de ultrassom para rastrear a presença e o comportamento do morcego, cruzando essas informações com sensores remotos que analisam a estrutura da paisagem. Essa abordagem permitiu o mapeamento de corredores ecológicos e o desenvolvimento de estratégias de restauração baseadas em evidências.

Pesquisadores fazendo gravações acústicas para identificar a melhor área para conservação. Foto: Mauricio Cardona Ramírez

“Utilizamos modelos de adequação de habitat, ocupação e conectividade ecológica, que nos permitem identificar os locais que oferecem as melhores condições para a espécie e para onde ela pode se mover. São modelos matemáticos que exigem muitas informações, e por isso elaboramos um rigoroso processo de amostragem, visitando 80 locais em quatro áreas do Corredor Cárstico”, explica Carlos Ortiz Yusty, líder da Análise de Habitat e Distribuição da espécie.
O núcleo dessa estratégia é o Refúgio IKA, o primeiro Banco de Habitat dedicado exclusivamente a morcegos na América Latina. Localizado em Antioquia, este refúgio não só garante um espaço seguro para Saccopteryx antioquensis , mas também representa um modelo replicável em outras regiões do país.
Atualmente, embora o projeto tenha começado no Corredor Cárstico do Leste de Antioquia, a visão, segundo os pesquisadores e líderes da iniciativa, é expandir esse modelo de conservação para outras áreas da Colômbia que abrigam diferentes espécies de morcegos.
Um evento para alçar voo
No dia 25 de abril foi lançada oficialmente La Ruta de las Alas na Casa Rosarista da Universidade de Rosário em Bogotá. O evento, descrito como "uma experiência imersiva e transformadora", reuniu diversas partes interessadas para explorar o impacto deste projeto.
Lá, não apenas a situação difícil do morcego antioquenho foi destacada, mas também o potencial dos Bancos de Habitat como uma ferramenta abrangente de conservação. "A Rota das Asas está consolidando sua posição como referência regional em conservação baseada em ciência, participação e responsabilidade compartilhada", observaram os especialistas.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo

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