"A nova abordagem do governo corta mais de 50% do orçamento de Batuta", diz o presidente da fundação.

A Fundação Batuta lançou sua campanha nacional para arrecadar fundos e continuar transformando vidas por meio da música.
Chamada de "Colômbia Abraça", a estratégia busca arrecadar 3 bilhões de pesos até outubro de 2025. Esses fundos garantirão as operações básicas da entidade, manterão os centros de música funcionando e responderão à alta demanda por programas de treinamento nas áreas que mais precisam.
Lucía González Duque, presidente da Batuta, explica o alcance da campanha e destaca que é um mecanismo fundamental não apenas para continuar apoiando pessoas em territórios rurais, urbanos, indígenas e afro-colombianos — muitas delas em comunidades afetadas pela pobreza, conflitos armados ou abandono institucional — mas também para sustentar a fundação, que vive uma situação complexa de estabilidade devido à falta de recursos.

Lucía González Duque, diretora da Fundação Batuta. Foto: Cortesia
Na Fundação Nacional Batuta, vivemos um momento decisivo para a sustentabilidade da organização, pois enfrentamos uma readequação do modelo de financiamento que sustentava grande parte de suas operações com recursos do Governo Nacional. Diante dessa situação, reivindicamos a responsabilidade compartilhada entre os diversos setores da sociedade. Não podemos permanecer passivos diante do nosso compromisso missionário de educar, cuidar e apoiar milhares de crianças e jovens nos 32 departamentos da Colômbia por meio do desenvolvimento musical e humano.
Esta é uma transição que nos obriga a diversificar nossas fontes de financiamento e fortalecer nossas parcerias. E é algo que abraçamos com esperança, pois sentimos uma profunda resposta de comunidades, famílias, artistas, ex-alunos e aliados que nos disseram claramente: Batuta é importante para cada um de nós e para o país. Essa certeza é o que nos move hoje.
O que exatamente os “ajustes na segmentação e distribuição de recursos públicos” significam para Batuta? O Governo Nacional priorizou um novo programa de formação artística, o que significou uma redução de mais de 50% para a Batuta no orçamento que normalmente recebia do Ministério da Cultura. Portanto, o que está em jogo é a possibilidade de continuar a alcançar os territórios onde a Batuta, há anos, oferece um espaço de cuidado e formação para crianças.
Ao mesmo tempo em que nos unimos ao Ministério da Cultura no novo programa Artes pela Paz e trabalhamos em conjunto com outros valiosos parceiros públicos e privados em muitos outros territórios, estamos trabalhando ativamente em outras iniciativas de sustentabilidade para recuperar nossa presença nas comunidades e a sustentabilidade institucional. Hoje, estamos falando de 100 Centros de Música fechados nas comunidades mais vulneráveis do país.
Mais de um milhão de pessoas se beneficiaram do Batuta em três décadas. Como você descreveria esse impacto em termos humanos? Quando falamos de mais de um milhão de beneficiários, não estamos falando de números abstratos. Estamos falando de vidas concretas que encontraram na música uma possibilidade de transformação, pertencimento e um futuro. No Batuta, as crianças não aprendem apenas a tocar um instrumento: elas encontram um lugar onde são vistas, ouvidas e valorizadas. Elas fortalecem sua autoestima, desenvolvem habilidades emocionais e sociais, criam vínculos com a comunidade e descobrem que têm algo valioso a contribuir.
Em contextos onde tudo às vezes é escasso, o Batuta tem sido uma promessa cumprida. Noventa e sete por cento dos nossos participantes relatam melhorias no seu bem-estar emocional e 96% expressam ter fortalecido as suas capacidades pessoais. Muitos prosseguiram o ensino superior, outros agora ensinam, lideram processos culturais ou sociais ou simplesmente navegam pela vida com mais confiança. É esse o tipo de impacto com que nos importamos: aquele que perdura, mesmo quando a música para de tocar.

A Batuta oferece apoio há mais de 30 anos. Foto: Fundação Batuta
Não poderia escolher apenas uma história, pois o que define o Batuta é a força coletiva de milhares de caminhos transformados. O que posso dizer é que, em cada canto do país onde atuamos, encontramos crianças, adolescentes e jovens que descobrem na música uma possibilidade real de construir um destino diferente. Para muitos, o Batuta tem sido o primeiro lugar onde se sentem seguros, reconhecidos, parte de algo maior.
O que mais me comove é ver como, em áreas profundamente afetadas pela exclusão ou pela violência, a música consegue criar comunidade, um senso de propósito e uma visão de futuro. Jovens que inicialmente chegavam a uma oficina ou aula com medo ou silêncio, hoje ensinam, lideram e criam. É nessas transformações concretas, visíveis e sustentadas que se revela o verdadeiro poder do que fazemos na Batuta. E é por isso que vale a pena preservá-lo hoje.
O que você sonha para Batuta nos próximos cinco anos? Sonho com uma Batuta cada vez mais forte e próxima dos territórios que dela necessitam. Aspiramos a manter e expandir uma rede que articule recursos públicos, privados e cidadãos para garantir continuidade e presença, e que também sirva de apoio a outras iniciativas culturais na região; fortaleça o orgulho pelas artes, culturas e conhecimento, e influencie o desenvolvimento de cidadãos para a vida comunitária.
Mas, além do financiamento, sonho que o Batuta continue sendo uma referência nacional no uso da arte para a transformação social. Que continue demonstrando que a música não é um luxo, mas um direito, e uma ferramenta concreta para o desenvolvimento da cidadania, a proteção da vida e a construção da comunidade. Meu sonho é que, em cinco anos, possamos olhar para trás e dizer que este momento foi um ponto de virada para um crescimento com raízes mais profundas, maior comprometimento e maior impacto.
Como os fundos serão arrecadados, ou seja, como as pessoas doarão? Lançamos a campanha nacional "Colômbia Abraça Batuta", que busca arrecadar 3 bilhões de pesos até outubro. Esta campanha se baseia na convicção de que um bem comum, como Batuta, é responsabilidade de todos. As pessoas podem doar a partir de US$ 20.000 pelo nosso site www.fundacionbatuta.org, onde todos os métodos de pagamento estão disponíveis.
Além das contribuições individuais, convocamos empresas, artistas, veículos de comunicação e organizações sociais a se unirem como aliados. Porque abraçar Batuta não é apenas uma metáfora: é um compromisso concreto. Quando muitas mãos se unem, a mudança é possível. E quando a Colômbia abraça Batuta, abraça a infância, a cultura e o futuro.
Camilo Peña Castaneda - Editor da Vida de Hoje
ANGELA MARÍA PÁEZ RODRÍGUEZ - ESCOLA DE JORNALISMO MULTIMÍDIA EL TIEMPO
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