Santiago Muñoz Machado, presidente do júri: "O populismo, tanto de direita quanto de esquerda, é uma grande infecção."

Relato, como é tradição nesta cerimônia, as motivações gerais do júri que decidiu os prêmios.

Os precedentes podem ilustrar que, mesmo sem intenção, o júri, ao decidir sobre o Cavia, ora se inclina para textos estritamente literários, ora para artigos de análise política . Neste último caso, dada a natureza efêmera e repetitiva dos eventos políticos, acredito que só os consideramos quando o colunista ilumina algum canto obscuro da vida institucional ou nos apresenta uma questão de longo alcance e influência decisiva para sociedades livres.

Este ano, tivemos diante de nós um artigo de Jorge Fernández Díaz, escrito no prestigiado jornal argentino La Nación, que discutia o populismo. Não sei se todos os membros do júri acreditam, como eu, que o populismo, tanto de direita quanto de esquerda, é uma infecção massiva que está minando os fundamentos dos sistemas democráticos americano e europeu, mas o fato é que existem poucas questões de maior interesse geral em nossas sociedades do que essas erosões políticas.

O artigo de Jorge Fernández Díaz, com a erudição e a postura de um grande escritor, explora as dissimulações, armadilhas e artifícios com que o populismo se apresenta em seu país e os fundamentos doutrinários em que se baseiam seus métodos. Ele orienta nossa opinião de forma objetiva e autoritária.

O fundamento mais sólido da liberdade de informação e sua proteção constitucional não é seu status como um direito subjetivo de expressar ideias, mas sua contribuição para a formação da opinião pública livre. Carlos Alsina pratica isso todas as manhãs, agora, e sempre o fez ao longo de sua longa vida como radialista. Ouvimo-lo ao acordar, enquanto ele, com raiva, limpa o mato da informação e abre possíveis caminhos para a compreensão do que está acontecendo em nosso país e no mundo. O jornalismo radiofônico não esteve tão presente quanto o jornalismo escrito em outras edições dos Prêmios Luca de Tena, mas este ano o júri se dispôs a reconhecer os méritos indiscutíveis de Alsina e agradecê-lo, como a todos os seus muitos ouvintes, por sua ajuda para nos ajudar a sobreviver com esperança.

A enchente é o terceiro tema da premiação deste ano. Nenhum outro evento tem uma representação gráfica melhor do que a terrível catástrofe de Valência. Ela foi retratada graficamente de muitas maneiras angustiantes, mas também com a simplicidade e a beleza com que uma criança a vivenciou, ajudando a salvar a boneca de pano de sua irmã da enchente. Esta é a fotografia de Txema Rodríguez, vencedora do Prêmio Mingote.

Mais uma vez, obrigado pela confiança depositada no júri. Boa noite e tenham uma ótima noite.