Nasce o Festival Incert, arte para o diálogo e a paz
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O Festival Incert é a primeira iniciativa internacional que oferece um espaço artístico de reflexão que dialoga com três realidades conflitantes: Palestina, Colômbia e Curdistão. E o faz por meio da cultura e das artes cênicas: “Os artistas se movimentam em seus espaços de convivência em prol da resistência coletiva”, afirma Teresa Palop, diretora do Festival. De 27 de fevereiro a 25 de maio, a exposição será realizada em 17 cidades catalãs. O percurso passará por Barcelona, Gualba, Mollet del Vallès, Girona, Cornellà del Llobregat, Manresa, Granollers, Olot, Sant Boi de Llobregat, Terrassa, Sant Feliu de Llobregat, Sant Cugat del Vallès, Vilassar de Dalt, La Seu d'Urgell, Miravet, Vilafranca del Penedès e Inca.
Uma proposta descentralizada que oferece um espaço único de reflexão e criação em que a arte transita pelas experiências de vida dos criadores. E em que sua linguagem artística se mistura com a dos artistas da Catalunha: “Porque a arte e a cultura são um dos mecanismos mais poderosos de diálogo e entendimento”, destaca a organização.
A arte e a cultura são um dos mecanismos de diálogo mais poderosos
O festival quer apoiar as artes ao vivo. A programação é baseada na cultura e na linguagem universal da arte. “O projeto estabelece uma troca artística que vai além do medo. “É a capacidade criativa como forma de resistência”, explica a organização. O festival inclui uma ampla gama de propostas interdisciplinares que vão desde dança, teatro, música, até realidade virtual e cinema.
Uma oferta extensa que reunirá mais de 79 artistas de diferentes disciplinas: “A sintonia entre os criadores daqui e os de lá foi total”, afirma Irene Zugaza, intérprete do primeiro concerto com que o festival começará: Paisatge sonor. Um encontro entre a Catalunha e a Palestina. Junto com Iyas Zugazaga, diretor desta proposta, eles reunirão músicos da Palestina e da Catalunha na próxima quinta-feira no Auditório de Barcelona. O concerto será repetido mais tarde em Mollet, Manresa e Vilassar.
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Uma imagem da campanha Palestina Batega organizada pela Associação Catalã pela Paz
Associação Catalã pela PazAlém de um festival de arte, o Incert pretende reivindicar a capacidade criativa dos artistas como uma forma de resistência: “porque a arte é a melhor maneira de interagir com a vida”, explica Iyas Zugazaga. O projeto defende a paz e o envolvimento internacional em territórios que vivenciam conflitos armados. Para isso, o festival promovido pela Associação Catalã pela Paz e Ação Internacional pela Paz convida o público a interagir com os três países afetados pela violência endêmica que os leva a viver em situação de sofrimento. No lugar onde certezas são estabelecidas a partir da incerteza, onde a música atua como um canal de ligação entre diferentes realidades e onde os processos artísticos se tornam modos de reivindicação.
O relacionamento entre criadores daqui e de lá tem sido total. Irene Zugaza Musicista
O festival pretende ser muito mais do que apenas uma exposição de shows internacionais, pois também facilita projetos entre artistas internacionais e locais: “O objetivo é criar espaços onde as diferenças se tornem riqueza e a criação coletiva seja um símbolo de resistência e esperança”, enfatizam os organizadores.
Nos próximos meses, os diferentes criadores percorrerão seus espaços de convivência em um exercício que visa aproximar diferentes realidades por meio da arte e da advocacia. Um festival que pretende abrir janelas para um novo mundo feito de todos os mundos possíveis. Além dos shows, também haverá uma conferência que terá como tema direitos humanos e gênero, além de políticas públicas culturais.
lavanguardia