<i>Juntos</i> , Alison Brie e Dave Franco se tornaram 'mais codependentes do que nunca'

Quando os coprotagonistas e produtores Alison Brie e Dave Franco assinaram contrato para Together , o divertido e perverso filme de terror corporal de Michael Shanks sobre codependência em relacionamentos, um pensamento imediato passou pela cabeça do casal na vida real: "Isso vai acabar em divórcio ou seremos mais codependentes do que nunca", diz Franco. Em uma entrevista à ELLE no Zoom antes do lançamento do filme nos cinemas, a dupla — que está junto há mais de 13 anos e é casada desde 2017 — relembra aquele momento com um sorriso e um suspiro de alívio. "Felizmente, foi a segunda opção."

Acompanhando Millie e Tim (interpretados por Brie e Franco), um casal de longa data que se muda da cidade para o campo em busca de uma nova vida e, quem sabe, de um casamento, Together aborda as inúmeras maneiras (às vezes, destrutivas) pelas quais os parceiros se tornam excessivamente dependentes um do outro. Ao navegar por esses caminhos complexos, o cineasta Shanks emprega com inteligência o gênero de terror corporal, especialmente quando Tim, um músico em dificuldades que ainda não teve sua grande chance, e Millie, uma professora confiável, navegam por águas traiçoeiras. Já sentiu que está preso ao seu parceiro, para o bem e para o mal? Bem, digamos que Together visualiza essa ideia visceral, às vezes assustadora, de forma engenhosa.

Os cônjuges, colegas de elenco e produtores da vida real, Alison Brie e Dave Franco, dizem que não poderiam ter feito Together "com mais ninguém".

Você pensaria que seria pelo menos um pouco intimidador para um casal de verdade dissecar uma história de honestidade tão brutal. Mas não para Brie e Franco. "Acho que nem teríamos interesse em participar deste filme se não sentíssemos que tínhamos um relacionamento forte e saudável", explica Brie. Acima de tudo, a dupla amante de terror (que trabalhou em The Rental , Horse Girl e outros) estava animada para mergulhar em algo que parecesse único e arriscado, uma experiência criativamente satisfatória que se alinhava com seu gosto cinematográfico. No final, Together também foi educativo. "Isso nos fez avaliar nossa própria codependência, que eu acho que geralmente é bem alta, mas [também] saudável", observa Franco. "Ainda valorizamos muito nosso tempo sozinhos. E por mais difícil que seja ficar longe um do outro por longos períodos [quando estamos em projetos separados], é realmente bom chegar a um ponto em que você sente falta um do outro e fica animado para se reunir novamente."

Desde o início, o casal tinha plena consciência de que o vínculo era uma vantagem na hora de retratar as complexidades e a intimidade de Tim e Millie, que também formam um casal há mais de uma década. Por um lado, a química natural que Brie e Franco trazem para a tela é inegável. E, por outro lado, os papéis emocional e fisicamente exigentes pareciam mais seguros para serem enfrentados juntos. "Nós nos conhecemos muito bem, e isso tornou nossas atuações inerentemente verdadeiras", diz Brie. "Não podemos mentir um para o outro, sabe? E, ao mesmo tempo, confiamos um no outro. Então, implicitamente, isso tornou o set um espaço realmente seguro para que pudéssemos fazer grandes mudanças em nossas atuações." Especialmente dentro do cronograma apertado de produção (o filme foi filmado ao longo de 21 dias), essa confiança foi um trunfo para os atores. "Não havia chance de pensarmos demais nas coisas", continua Brie. "Podíamos simplesmente mergulhar no filme, e era muito gratificante deixar tudo na tela. Podíamos voltar para casa no final de cada dia com a sensação de que não poderíamos ter feito mais nada."

Os dois também se apoiaram mutuamente na hora de usar efeitos práticos extremos. Para uma cena específica, eles passaram um dia inteiro fisicamente unidos um ao outro por meio de próteses, uma experiência que os fez dizer: "Não poderíamos ter feito este filme com outra pessoa". Franco relembra: "Literalmente, não podíamos sair um do lado do outro o dia todo, incluindo as idas ao banheiro. Tínhamos que nos arrastar até lá". Esse nível de esforço físico era certamente desgastante, especialmente quando vinha acompanhado de lesões. "Desde a primeira tomada, logo cedo pela manhã, nossa energia tinha que estar a 100% e tinha que se manter assim", diz Franco. "E nós documentamos todas as minhas lesões durante todo o processo de filmagem. Então, temos uma bela colagem que talvez possamos emoldurar um dia." Franco se lembra especialmente de uma cena no chuveiro que ocorre no início do filme, quando Tim sofre um ataque convulsivo. "Estou completamente nu, meu personagem está inconsciente e estou me jogando contra paredes de porcelana sem me apoiar de forma alguma", ele ri. "Aquilo doeu muito." Mas, no geral, o entusiasmo e a paixão pelo projeto superaram a dor — e, assim, a dupla acabou usando o mínimo de dublês.

A conexão profunda e real entre Brie e Franco também se refletiu em inúmeras conversas sem palavras. Eles trouxeram a compreensão mútua para momentos de grande carga emocional, sem a necessidade de diálogos. "Há cenas em que nossos personagens se desentendem, mas você ainda consegue sentir o amor por trás de tudo", explica Franco. "E isso é algo que vem de estar com alguém por 13 anos e meio." Brie diz: "O amor por trás disso era o nosso foco principal. Você quer que o público torça para que eles superem seus problemas. E você não pode fazer isso sem confiar que existe um nível básico de amor e respeito entre eles."

Apesar de tudo, o diretor estreante Shanks foi o líder e parceiro ideal, colaborando com Brie e Franco da pré à pós-produção. Com experiência em efeitos especiais, ele mesmo fez cerca de 150 tomadas de efeitos visuais e, às vezes, o casal usou sua influência consolidada como estrelas e produtores para defender sua visão criativa. "Nós nos unimos a ele para proteger a autenticidade do filme. E nos tornamos esse lindo trio", comenta Brie. "Michael Shanks é o diretor estreante mais confiante de todos os tempos", acrescenta Franco. "Ele traz uma energia tão alegre, quase infantil, para o set, e isso é contagiante." Esse tipo de entusiasmo estava presente em todo o estilo de direção de Shanks, com referências frequentes aos filmes do gênero que inspiraram Together . Brie diz: "Michael é um amante ávido de filmes de terror, e seu conhecimento enciclopédico deles também foi muito divertido. Ele [se referia a] X-Men 2 para uma cena específica. E The Village [para outra cena]. E filmes de terror japoneses." Franco acrescenta: "E [elas foram] apenas para momentos únicos. Essa especificidade enriquece todo o filme."

Michael Shanks (à esquerda) dirige Brie e Franco nos bastidores de Together .

A dupla também manteve sua própria cota de referências de terror ao longo da produção. Para Franco, uma foi Alien , cuja influência visual em Together é aparente durante uma cena que se passa em uma caverna. (Franco observa animadamente que o designer de produção de Together , Nicholas Dare, trabalhou em Alien: Covenant .) Ele também pensou em The Fly , de David Cronenberg, seu horror corporal favorito no cinema. Para Brie, uma grande referência foi The Shining , um de seus favoritos de todos os tempos que ela assistiu novamente durante a pré-produção com um olho em Shelley Duvall. "Ela está tão lindamente vulnerável nele. E não há vaidade nessa performance. Ela é quase enjoativa de uma forma que parece tão real", explica Brie. "Eu esperava canalizar esse nível de falta de vaidade. Quando uma pessoa se encontra em uma situação tão extrema e assustadora, ela não vai reagir da maneira perfeita e mais glamorosa do ator. Vai ser humano e confuso."

De Don't Look Now a Midsommar , por que amantes de longa data e casais carentes se prestam tão bem ao terror? Bem, essas co-estrelas têm teorias. "São medos realmente identificáveis que esses filmes estão tocando", diz Brie. "Todo mundo tem uma relação diferente com relacionamentos, seja com amantes, ou mesmo amigos ou família. O quanto você quer deixar alguém entrar [e] se perder nessa equação? O tópico é perene e as possibilidades são infinitas dentro do gênero." De acordo com Franco, todos nós temos relacionamentos como esses em nossas vidas — e não apenas românticos — quer queiramos admitir ou não. "Os conceitos que Michael Shanks criou para este filme têm o potencial de alcançar um público mais amplo [por causa disso]", ele observa.

Brie acha que filmes de terror podem explorar “medos realmente identificáveis” em relacionamentos.

Então, Together é o filme perfeito para um encontro romântico que incentiva a complementação mútua, ou é a melhor propaganda para ficar solteiro para sempre? "Não dizemos necessariamente que a codependência é boa ou ruim", reflete Franco. "Tivemos amigos solteiros que nos procuraram depois de assistir ao filme e disseram: 'Estou tão feliz por estar solteiro'", ele ri. "E, por outro lado, ouvimos de um casal que brigou a semana toda antes da exibição do filme, e depois assistiram ao filme e disseram que o filme os ajudou a resolver seus problemas." Brie concorda que a mensagem estará nos olhos de quem vê. "Este filme é uma análise dos medos da monogamia e da codependência, e as cenas de terror alimentam esses temas. De fato, ele refletirá nas pessoas suas próprias opiniões sobre relacionamentos."