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Ana Torroja: “Estou preparando o primeiro álbum que escrevi.”

Ana Torroja: “Estou preparando o primeiro álbum que escrevi.”

A imagem de Ana Torroja aparece na tela em um quarto escuro iluminado por um holofote, que na verdade é a cozinha de sua casa na Cidade do México, onde mora há anos. A veterana vocalista tem muita experiência trabalhando nas sombras — no caso dela, a lembrança de Mecano, que sempre a assombra —, o que não a impediu de desenvolver uma carreira multifacetada, com capítulos ainda a serem escritos. "Estou fazendo um álbum, o primeiro escrito inteiramente por mim com colaboradores", anuncia Torroja com um sorriso indisfarçável, antecipando eventos sobre os quais não quer dar mais detalhes.

Seu trabalho mais recente nasceu da amizade com a chilena Denise Lillian Laval, mais conhecida como Nicole, cantora que conheceu durante as gravações do programa The Voice no país do Cone Sul. O resultado é "Desierto florido ", uma canção pop intimista assinada pela artista chilena, que dialoga com a conversa do outro lado do continente americano, na Patagônia. "Sempre admirei Ana. Quando adolescente, eu cantava suas músicas a plenos pulmões; minha mãe e eu éramos fãs", lembra Nicole, elogiando a parceira, que rapidamente retribui, descrevendo-a como "a Marisol do Chile", por ter começado tão jovem, "embora ainda esteja firme e forte".

Ambas as vocalistas reconhecem a paixão mútua que sentiram por Desierto florido , uma metáfora de amor capturada em um fenômeno natural na região do Atacama que, em anos de chuvas abundantes, transforma a região mais seca do planeta em um mar de flores. "Quando falo sobre isso, minha pele se arrepia", diz Ana Torroja, que enfatiza a importância de se conectar com a música para tornar as colaborações um sucesso. "Eu as rejeito frequentemente, não porque não seja bom ou porque não gosto, mas porque não me vejo, não sinto que posso defendê-lo."

“Não é fácil fazer músicas que ressoem, mas tive a sorte de fazer tudo acontecer por meio da minha voz.”

Lançado pela primeira vez em 2022, “Desierto florido” mistura as vozes dos dois artistas, que precisaram gravar a música apenas duas vezes para considerá-la um sucesso. “Tenho a voz da Ana no meu coração; a vulnerabilidade se sente quando você canta”, diz Nicole, dirigindo-se diretamente ao parceiro. Este último destaca a beleza de ter duas “vozes reconhecíveis, com personalidades e cores diferentes”, cuja capacidade de se unir se dá “através da performance. Nicole é uma daquelas pessoas que não apenas canta uma música, ela a conta para você, o que também é a minha maneira de abordar as músicas: não consigo cantar sem sentir”.

Ao longo de sua carreira, Ana Torroja explorou diversos gêneros musicais sem medo de perder sua identidade. "Meu estilo é a minha voz", diz a vocalista, que, no entanto, admite sentir uma inveja saudável daqueles que, como Nicole, compõem suas próprias trilhas. "Não é fácil criar músicas que ressoem, mas tive a sorte de fazer tudo se encaixar através da minha voz. Posso cantar uma cúmbia ou uma balada, e soa como Ana Torroja; ou um rock, embora eu não saiba se ousaria. Mas definitivamente soaria como Ana Torroja."

Seu próximo projeto é um álbum no qual ela mesma escreve as composições com a ajuda de vários colaboradores. O trabalho ainda não tem título e não traz maiores detalhes, exceto que nasceu "música por música", sem saber para onde ia, porque "não se pode criar com pressa e sob pressão. Não gosto de pressa, nem sou escrava de tendências". Embora reconheça que "como disse Dalí, a inspiração vem, mas às vezes não chega, ou chega quando menos se espera".

Nicole compartilha a mesma opinião, pois compõe sem sentir "a ansiedade de acompanhar a velocidade da indústria", diz ela. "As músicas perduram com o tempo; quando eu não estiver mais neste mundo, elas continuarão a circular. É por isso que dedico o tempo necessário para sentir a emoção. Não sinto a pressão de ter que lançar um single toda quinta-feira." Essa é a mesma ideia que Torroja defende, e ela é clara: "Quem quiser vir me ouvir, venha me encontrar."

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Dan Reynolds, ontem à noite durante a apresentação do Imagine Dragons no Estádio Olímpico

As duas vocalistas mantêm uma atitude semelhante em relação às colaborações, tão usadas hoje em dia. "São muito enriquecedoras, mas com nuances. Talvez eu tenha feito muita coisa porque, quando estava no Mecano, não conseguia fazer nada", observa a vocalista, rindo. "Quando podia, me dedicava ao que ressoava comigo, mas não aceito qualquer colaboração; às vezes, elas são feitas para fins de marketing", embora, no caso dela, admita ter aprendido muito dividindo o estúdio. Nicole concorda, abraçando a colaboração porque "no final, você repete seu estilo de canto, suas melodias, suas composições, e cantar ou compor com outra pessoa abre novos espaços dentro de você".

A união entre Ana Torroja e Nicole reflete a reaproximação entre a música de língua espanhola dos dois lados do Atlântico, um processo que preenche a lacuna existente quando Nicole, uma adolescente, visitou a Espanha em 1994 para gravar seu segundo álbum. "Na época, eu me sentia como os brasileiros ou mexicanos, que amam e protegem tanto sua música. Mas, com o tempo, eles se tornaram muito mais abertos a interagir com músicos latino-americanos."

Por outro lado, Torroja, que rompeu com o padrão com Mecano, apresentando-se em lugares como Nova York na década de 1980, destaca o ecletismo da música espanhola atual. "Quando viajamos para este lado do mundo, fomos recebidos de braços abertos, mas era difícil para a música latino-americana chegar à Espanha e à Europa", lamenta. Agora, porém, "há esse feedback que considero incrivelmente importante; é algo que a indústria está vivenciando, especialmente a anglo-saxônica, que é a mais importante".

lavanguardia

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