Taiwan escolhe um lado: o golpe de machado na Huawei abala a guerra tecnológica

Em uma escalada decisiva na guerra tecnológica global, Taiwan adicionou as gigantes chinesas Huawei e SMIC à sua lista negra de exportações, cortando seu acesso ao ecossistema de fabricação de semicondutores mais avançado e crucial do mundo. É uma declaração de lealdade a Washington e um golpe direto nas ambições de Pequim.
A medida, anunciada pelo Ministério da Economia de Taiwan, é inequívoca. Qualquer empresa taiwanesa, incluindo a líder global do setor, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), agora precisará de uma licença governamental especial para exportar qualquer tecnologia, equipamento ou material relacionado a semicondutores para a Huawei, SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corp.) ou suas subsidiárias no exterior.
Na prática, isso representa um bloqueio quase total. A decisão de Taiwan de incluir essas empresas em sua "Lista de Entidades Estratégicas de Alta Tecnologia" formaliza e reforça as restrições que já estavam em vigor sob pressão dos Estados Unidos. Ela fecha quaisquer brechas legais ou áreas cinzentas que as empresas chinesas possam ter explorado para acessar a tecnologia taiwanesa.
O momento e o foco da proibição são estratégicos. As restrições visam especificamente as tecnologias necessárias para a construção de fábricas de chips (fab-building) e os equipamentos essenciais para a produção dos semicondutores de ponta que alimentam a inteligência artificial (IA). Este é o principal campo de batalha onde a China busca desesperadamente competir com líderes americanos como a Nvidia.
Ao cortar o acesso a esses componentes essenciais, Taiwan está tentando estrangular a capacidade da China de desenvolver sua própria indústria de chips de IA de alto desempenho, alinhando-se diretamente com a estratégia de contenção tecnológica de Washington.
"Taiwan escolheu lados na crescente Guerra Fria tecnológica." – Análise baseada em relatórios sobre a medida.
A decisão de Taiwan não surgiu do nada. É uma resposta direta ao choque causado pela Huawei e pela SMIC em 2023. Apesar das severas sanções americanas, essas empresas conseguiram projetar e fabricar um chip avançado de 7 nanômetros que alimentou o smartphone Mate 60. Essa conquista demonstrou que a China estava encontrando maneiras de contornar as restrições, possivelmente por meio de colaborações indiretas ou empresas intermediárias.
Reportagens da imprensa sugeriram que várias empresas taiwanesas estavam ajudando a Huawei a construir uma rede de fábricas de chips no sul da China. A nova medida de Taipé busca erradicar esse tipo de cooperação, eliminando qualquer ambiguidade e forçando as empresas taiwanesas a se separarem completamente das gigantes da tecnologia de Pequim.
Essa iniciativa de Taiwan, o coração da indústria global de semicondutores, é mais do que apenas regulamentação comercial. É a formalização de uma "cortina de ferro" tecnológica que divide o mundo. Ela força as empresas de todo o ecossistema a escolherem lados inequivocamente, eliminando a neutralidade como opção viável.
Paradoxalmente, embora a medida busque conter a China no curto prazo, no longo prazo pode ter o efeito oposto. Reforça a determinação de Pequim em alcançar a "autossuficiência" tecnológica (自主可控) a qualquer custo. Encontrando-se completamente isolada da tecnologia taiwanesa, a China é forçada a redobrar seus investimentos e esforços para construir uma cadeia de suprimentos de semicondutores totalmente nacional. A decisão de Taiwan, em vez de ser a gota d'água, pode se tornar o catalisador que impulsionará uma inovação chinesa mais determinada, focada e, eventualmente, disruptiva. A bifurcação do mundo tecnológico agora é uma realidade.
La Verdad Yucatán